9 DE FEVEREIRO DE 2019
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A proteção da saúde é um assunto demasiado sério e grave para se tornar uma arma de arremesso político.
Os portugueses merecem e têm todo o direito de esperar racionalidade, prudência e razoabilidade quer do
Governo, quer dos profissionais de saúde.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção cabe ao Sr. Deputado Luís Soares, do
Partido Socialista.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Soares (PS): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Queria iniciar esta intervenção
saudando, naturalmente, os 5295 subscritores da petição que hoje discutimos e que pretende alargar a todos
os profissionais de enfermagem que prestam cuidados na Administração Pública o reconhecimento do exercício
das funções de enfermagem em condições particularmente penosas.
Importa começar por dizer que, no caso particular da enfermagem, a lei em vigor já reconhece esta mesma
especial penosidade para os enfermeiros que exerçam funções em unidades de internamento de psiquiatria e
do foro oncológico.
Aliás, é também importante relembrar que, sobre o reconhecimento das condições de risco e de insalubridade
no exercício das funções de enfermagem, ao contrário do Governo do PSD, foi o Governo do PS que, no
presente mandato, recuperou as horas de qualidade que tinham sido cortadas em 2013 pelo anterior Governo.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Luís Soares (PS): — Sobre esta matéria em concreto, importa dizer que a penosidade e a insalubridade
não são condições, por si só, inerentes à própria condição da enfermagem. Estão dependentes das condições
concretas em que a profissão de enfermagem é exercida, ou seja, a penosidade não existe só por se ser
enfermeiro.
Certamente que todos nesta Câmara reconhecemos que os enfermeiros que exercem funções em unidades
de psiquiatria ou em unidades do foro oncológico merecem o atual reconhecimento da penosidade no exercício
das funções.
Mas pergunto: será que deve ser assim relativamente a todos os enfermeiros, só por serem enfermeiros?
Parece-nos que não! Parece-nos que, face à realidade atual, não se figura adequado proceder à generalização
de uma compensação a todos os enfermeiros. Fazer esta generalização seria, aliás, violar um princípio básico
do Estado de direito, segundo o qual se deve tratar por igual o que é igual e por diferente o que é diferente.
Creio que todos concordamos que não se podem tratar de forma igual enfermeiros que estão sujeitos à
sobrecarga física e psicológica, que trabalham por turnos, e outros profissionais de enfermagem em situação
distinta.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Ângela Correia, se há classe profissional que foi alvo da
ação do PS e do Governo, foi a dos enfermeiros.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — O meu nome não é Correia, é Guerra!
O Sr. Luís Soares (PS): — Peço desculpa pelo erro!
Nestes quatro anos não foi possível, é certo, concretizar tudo aquilo que os enfermeiros pediam, mas foi
possível avançar, ao contrário do que aconteceu no Governo de V. Ex.ª,…
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
O Sr. Luís Soares (PS): — … onde retrocederam, retrocederam e retrocederam.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Agora é que está tudo bem!