14 DE FEVEREIRO DE 2019
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Srs. Deputados, é verdade, também, que, com a redução do desemprego, as desigualdades sociais tendem
a diminuir. Mesmo assim, são ainda demasiado gritantes as diferenças entre os que ganham muito e os que
ganham muito pouco, o que mina seriamente a coesão, a justiça social e a dimensão ética do nosso
desenvolvimento.
Não é fácil combater esta chaga social nem tão-pouco há soluções rápidas e milagrosas. Mas, Sr. Presidente,
Srs. Deputados, há duas realidades que não podemos encobrir. A primeira é a de que não podemos desistir,
resignar ou abrandar o esforço de redução da pobreza e das desigualdades sociais, em nome do País solidário
que somos e da sociedade mais justa que pretendemos construir.
A segunda é a de que as políticas públicas atuais têm falhado seriamente neste combate, que deve ser
estratégico e estruturante.
Falha a política de crescimento económico deste Governo.
Risos do PS.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Bem dito!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — É certo que estamos a crescer, mas a crescer à boleia da Europa.
Só que este é um crescimento medíocre: Portugal é o quinto País da União Europeia que menos cresce!
Desta forma, vamos cavando alegremente a nossa posição cada vez mais acentuada na cauda da Europa.
E não criamos riqueza suficiente para combater com eficácia a pobreza, para reduzir as desigualdades, para
promover a prosperidade económica e a solidariedade social.
Falha a política de saúde deste Governo, com a paulatina e perigosa degradação do Serviço Nacional de
Saúde.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Pela mão de um Governo de esquerda, com o aval expresso dos
partidos mais à esquerda, assiste-se hoje, em Portugal, ao maior ataque de que há memória ao Serviço Nacional
de Saúde.
Protestos do BE.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Grande descaramento!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — São as cativações e os cortes, é o desinvestimento em instalações,
equipamentos e tecnologia, são as listas de espera, são os medicamentos que faltam nas farmácias, é a
desmotivação que reina nos nossos profissionais de saúde.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — É certo que o discurso do Governo, do PS, do PCP e do Bloco de
Esquerda é a favor do Serviço Nacional de Saúde, mas a prática, Srs. Deputados, é hipócrita, é cínica e é
contraditória.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Nunca se desinvestiu tanto no Serviço Nacional de Saúde como
hoje, nem sequer no tempo difícil e excecional da troica, como ainda recentemente revelou o insuspeito Tribunal
de Contas. E isto, sim, é pobreza, isto, sim, é preocupante, isto, sim, aumenta as desigualdades sociais!
A verdade é que um bom Serviço Nacional de Saúde é uma das formas mais eficazes de combater o drama
das desigualdades sociais. É que os ricos têm sempre alternativas, os mais pobres ou têm acesso a um eficaz
e bom Serviço Nacional de Saúde ou, pura e simplesmente, não têm acesso à saúde.