I SÉRIE — NÚMERO 51
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O Sr. Rui Riso (PS): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Clara Marques
Mendes, de acordo com o seu discurso, há uma série de áreas em que nós concordamos.
A primeira das quais é a de que o combate à pobreza não pode deixar de nos mobilizar a todos de forma
continuada e firme, porque sempre que se interrompe ou se diminui a pressão para a reduzir, os passos
seguintes são sempre muito mais difíceis.
Se há áreas em que o passado tem um peso especial, esta é uma delas e, queira-se ou não, o agravamento
da pobreza verificado nos anos da austeridade constituiu um sério revés a esse combate, como fica patente no
Inquérito às Condições de Vida e Rendimento das Famílias da União Europeia.
Como bem se sabe, a pobreza tende a reproduzir-se de forma continuada e a eliminação dos fatores que a
ela conduzem é a única via para a erradicar. E, apesar de todos os esforços da nossa vida democrática na
eliminação das desigualdades, nesta matéria continua a haver muito para fazer.
O reforço dos serviços públicos, como a educação e o acesso a cuidados de saúde, que são duas das áreas
em que se conseguiram progressos relevantes na redução das desigualdades, continuam a merecer a nossa
especial atenção.
Também os apoios sociais são indispensáveis para reduzir a vulnerabilidade, mas sem dúvida que o aumento
do emprego e o reforço do rendimento do trabalho são dos fatores que mais contribuem para a redução da
pobreza, bem como o aumento das pensões, nomeadamente das mais baixas.
A redução das taxas de pobreza que se tem vindo a verificar é resultado da mudança de políticas, e este
percurso não pode ser interrompido.
Recordar erros do passado serve, sobretudo, para não voltar a cometê-los. E devo dizer-lhe que, em termos
de habitação, estamos de acordo. Mas estamos de acordo para convocar todos, mesmo todos para este
combate.
E, sendo um dever de todos nós retirar da pobreza homens e mulheres, mais novos e mais velhos, quais são
as vossas propostas concretas? É que, relativamente a concretizar propostas, a sua intervenção nada nos disse:
nada nos disse sobre a habitação, nada nos disse sobre a educação, nada nos disse sobre a saúde. Fez apenas
um relatório, se me permite, enviesado, sobre uma realidade que hoje está melhor do que estava antes, mas
que, ainda assim, merece muito mais cuidado. E há sempre muito que fazer, porque, nestas áreas sociais, há
sempre muito por fazer.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Clara Marques
Mendes.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente, agradeço aos Srs. Deputados José Soeiro e Rui
Riso as questões colocadas.
Sr. Deputado José Soeiro, contradição, descaramento e desfaçatez foram características da sua intervenção.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — E vou dizer-lhe porquê. Como é possível o Sr. Deputado estar a
apoiar um Governo que falha em toda a linha com os idosos?!
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Diga lá, Sr. Deputado, se não é contradição, descaramento e
desfaçatez estar a apoiar um Governo que vê os idosos há mais de um ano, alguns há mais de dois anos, sem
receberem qualquer rendimento?
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Porque será?!