I SÉRIE — NÚMERO 52
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — … fizemo-lo, igualmente, quando estávamos na oposição e
quando estávamos no governo; votámos e viabilizámos relatórios de comissões de inquérito de maiorias de que
fazíamos parte, mas também viabilizámos relatórios de comissões de inquérito de quem, estando nós na
oposição, pertencia a partidos que, nessa altura, formavam maioria de governo.
Nunca, para nós, a realidade partidária ou a situação política foram decisivas para que tivéssemos posições
claras, afirmativas e exigentes em relação ao setor financeiro. O que nos guiou foi sempre o interesse e a defesa
dos contribuintes portugueses, porque achamos que estes esforços que foram pedidos podiam ter sido, no
mínimo, minimizados, mas, em muitos casos, podiam ter sido evitados.
O que hoje discutimos é a Caixa Geral de Depósitos e a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos,
e há três pontos muito importantes a salientar.
Primeiro, do nosso ponto de vista — que não é exclusivo, mas não deixa de ser o nosso —, esta comissão
de inquérito permitirá terminar um trabalho que outra poderia ter concluído há dois anos. Do nosso ponto de
vista — que é o nosso, não é, necessariamente, o de todos, mas não deixa, de maneira nenhuma, de ser o
nosso —, podíamos há dois anos ter contribuído para que muito do que agora se sabe e se escrutina pudesse
ter sido escrutinado mais cedo, e isso pode não ser indiferente, muito pelo contrário, em matéria de
responsabilidade civil e de prazos processuais. A responsabilidade civil os prazos podem ter sido influenciados
por esta dilação temporal entre a primeira comissão de inquérito e a que vamos ter agora. Mas mais importante
do que tudo é que estamos ainda a tempo de, lidando com novos dados, podermos exigir as responsabilidades
a todos os que as têm — a todos!
Segundo, é importante dizer agora aqui que, pela nossa parte e pelo nosso contributo na comissão de
inquérito, não vamos permitir ajuste de contas ou comissões de inquérito direcionadas apenas a uma parte do
problema. Esta não é uma comissão de inquérito só sobre o Banco de Portugal. Será também sobre o Banco
de Portugal, mas não é só sobre o Banco de Portugal. Se fosse só sobre o Banco de Portugal, isso seria muito
útil a muitos administradores que passaram pela Caixa Geral de Depósitos, que têm responsabilidade, que tem
de responder por ela e que estão desejosos de se poderem esconder atrás de alguém que fique à frente e que
leve com todas as culpas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — A responsabilidade é de todos e todos têm de ser escrutinados.
O terceiro ponto, e para terminar, Sr. Presidente, queria dizer apenas o seguinte: nós temos oportunidade de
terminar a Legislatura com um exemplo de bom trabalho parlamentar.
Entretanto, assumiu a presidência o Presidente, Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. JoãoPinhodeAlmeida (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Durante esta Legislatura, e até durante a anterior, os portugueses questionaram a pertinência de alguns
trabalhos parlamentares e, de entre esses, questionaram muito o papel das comissões inquérito.
A forma como decorrer este inquérito parlamentar, o empenho que tivermos em aproveitar bem o tempo que
nos resta, dirá muito sobre a capacidade que teremos de mostrar aos cidadãos que estamos à altura dos
mandatos que recebemos há quatro anos e que voltaremos a pedir daqui a pouco tempo.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Duarte Pacheco, do Grupo
Parlamentar do PSD.
Faz favor, Sr. Deputado.