I SÉRIE — NÚMERO 56
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O Sr. JoãoPauloCorreia (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª e Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: A Comissão Eventual de Acompanhamento do Processo de Definição da «Estratégia Portugal 2030»
foi constituída há um ano com o voto unânime do Parlamento.
A definição da estratégia nacional relativa ao próximo quadro financeiro plurianual passou, assim, a contar
com a participação do Parlamento.
O apoio de todos os partidos refletiu a convergência de posições sobre a oportunidade de o Parlamentar
participar ativamente na reflexão da estratégia nacional sobre o quadro financeiro plurianual pós-2020, a par da
oportunidade de debater o modelo de desenvolvimento do País numa perspetiva de longo prazo.
A decisão unânime de constituição da primeira comissão eventual dedicada a participar na definição da
estratégia nacional no âmbito de um quadro comunitário veio impor uma responsabilidade acrescida aos
trabalhos e aos resultados desta Comissão.
Por aquilo que foi possível apurar nas audições às entidades europeias, esta iniciativa do Parlamento
português é pioneira e única no contexto dos parlamentos nacionais da União Europeia.
Além das audições em sede parlamentar, inovaram-se os trabalhos das comissões eventuais, com recurso
a auscultações descentralizadas, em parceria com instituições do ensino superior. As audições regionais
descentralizadas decorreram em Vila Real, em parceria com a UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro), em Leiria, em parceria com o Instituto Politécnico de Leiria, na Covilhã, em parceria com a Universidade
da Beira Interior, em Évora, em parceria com a Universidade de Évora, em Faro, em parceria com a Universidade
do Algarve, e receberam a participação de 73 personalidades e entidades representativas das autarquias, das
universidades e politécnicos e dos setores de atividade de base regional e local.
Em sede de Comissão, foram ouvidos cinco comissários europeus, sete Eurodeputados, direções-gerais da
Comissão Europeia, 12 membros do Governo, os Presidentes dos Governos Regionais dos Açores e Madeira,
os parceiros sociais, a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Associação Nacional de Freguesias.
Os trabalhos antecedentes ao relatório foram ainda pontuados pela Conferência sobre Inovação e
Conhecimento, que reuniu 28 personalidades da comunidade científica nacional.
Foram ouvidas 138 personalidades e entidades, num processo de auscultação nacional e europeu,
personalidades e entidades que valorizaram o trabalho da Comissão e enriqueceram o acervo da mesma,
dotando os Deputados relatores de matéria-prima qualificada para a elaboração do relatório e respetivas
conclusões.
Sr.as e Srs. Deputados, debatemos o relatório esta semana, que foi aprovado em votação final global no
plenário da Comissão. O PSD e o PS votaram a favor, o CDS absteve-se e o Bloco de Esquerda e o PCP
votaram contra.
Foram aprovadas 95 conclusões, 35% das quais por unanimidade e, dessas, passo a destacar as que
considero representativas do esforço alcançado.
Primeira: implementação de programas que assegurem a conetividade efetiva entre os diferentes modos de
transporte, rodoviário ferroviário, aéreo e por via aquática, que contenham e procurem inverter o movimento
demográfico do interior para as faixas litorais, favorecendo a transferência modal do transporte individual para o
transporte coletivo de passageiros, bem como do transporte de mercadorias em modo rodoviário para o modo
ferroviário, possibilitando o reforço da competitividade da economia portuguesa e da coesão socioeconómica do
território nacional, apostando na sua gestão planeada e integral, aproveitando todas as suas potencialidades
face à nossa situação periférica no espaço europeu.
Segunda: uma PAC (política agrícola comum) que promova a fixação das pessoas no mundo rural,
nomeadamente os pequenos e jovens agricultores, e apoie a agricultura familiar.
Terceira: a economia do mar deve ser encarada como um enorme desafio e um enorme potencial estratégico
para Portugal.
Quarta: desburocratizar os processos e tornar a prestação de contas mais transparente e simplificada.
Quinta: financiamento de medidas de fomento de industrialização da economia nacional que permitam o
desenvolvimento competitivo dos territórios, incentivando processos de inovação nas empresas através da
inserção de recursos humanos qualificados, contribuindo-se, assim, para estancar e inverter o processo de
desertificação que aflige muitas regiões do País.
Sexta: promover o combate à interioridade e às assimetrias territoriais através do investimento nos serviços
públicos, que ajuda à fixação de pessoas em territórios de baixa densidade populacional e permite promover