I SÉRIE — NÚMERO 61
6
Já foi multado por práticas enquanto estava à frente do Montepio, mas nada disto é suficiente — nem para o
Governo, nem para a autoridade que supervisiona os seguros, nem sequer, já agora, para a terceira entidade
que tem poder para retirar Tomás Correia da Associação, que é o Presidente da Assembleia Geral, já aqui
referido — para que nem uma destas entidades entenda ser importante afastar esta pessoa de estar à frente da
Associação Mutualista.
A nossa posição — e já tivemos oportunidade de a manifestar — é a de que ambos, tanto o Governo como
a associação que tutela e supervisiona os seguros, têm poderes para lhe retirarem a idoneidade. Isto, apesar
de nenhum assumir esses poderes.
O Governo já tem poderes, porque mantém a aplicação do código que se aplica às associações mutualistas,
mas, neste regime transitório, a autoridade supervisora das seguradoras também tem poderes para avaliar o
modelo de governação e para avaliar o risco.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Se não tem poderes para retirar a idoneidade, tem poderes para pressionar o Governo. Que o faça!
Não temos nenhuma dúvida sobre a responsabilidade do Governo. Alguém tem de agir, e rápido.
A questão que coloco, Sr. Deputado, é porque é que o PSD exige uma resposta rápida e célere do Governo,
com o que concordamos, mas, depois, não aplica a mesma exigência ao Banco de Portugal e a outros
supervisores.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Adão Silva, começo por lhe dizer que o PSD nem
sequer conseguiu esperar pela realização das duas audições que o próprio PSD havia proposto para apresentar
as suas conclusões sobre o tema, que solicitou que fosse discutido na COFMA (Comissão de Orçamento,
Finanças e Modernização Administrativa).
Depois da audição com a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), e antes ainda
da audição com o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o PSD já extraiu as suas conclusões.
Sr. Deputado Adão Silva, é, pois, caso para lhe perguntar: se já tinham as conclusões, porque é que propuseram
a realização de audições que, supostamente, deveriam sustentar essas conclusões?
Mas vamos ao que interessa.
Ontem, o presidente da ASF veio dizer, de forma muito taxativa, que considera que não lhe compete avaliar
a idoneidade do presidente da Associação Mutualista Montepio, Tomás Correia, e, para sustentar essa posição,
até invocou diversos pareceres jurídicos.
O problema é que, quando ouvirmos, na COFMA, o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social,
é bem possível que este defenda que também não é a ele que compete avaliar a idoneidade de Tomás Correia
e é capaz, até, de aparecer com doutos pareceres jurídicos, a sustentar a sua posição. Se assim for, corremos
o risco — o sério risco! — de os próximos tempos serem gastos em estéreis discussões jurídicas sobre quem é
que, afinal, deve avaliar a idoneidade do presidente da Associação Mutualista Montepio.
Enquanto essas discussões se arrastarem, a idoneidade de Tomás Correia não é avaliada, com sério prejuízo
para a Associação Mutualista Montepio e para os mais de 600 000 associados.
Sr. Deputado Adão Silva, o PCP não acordou agora para este tema. Há muito que vimos alertando para os
problemas de gestão no Banco Montepio e na Associação Mutualista. Há muito que vimos defendendo o
afastamento de Tomás Correia e a constituição de uma nova equipa de gestão, que atue na defesa dos
interesses da instituição e das suas centenas de milhares de associados.
Para o PCP, Sr. Deputado Adão Silva, essa é a questão que interessa, essa é a questão que urge resolver
e é isso que o PCP vem defendendo.
Aplausos do BE.