14 DE MARÇO DE 2019
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É evidente que esta sanção do Banco de Portugal quebra a confiança nas capacidades de gestão do Dr.
Tomás Correia e, como tal, a permanência do Dr. Tomás Correia à frente da Associação Mutualista cria fundados
receios e uma ameaça à estabilidade da própria Associação Mutualista.
Este tema, que nos próximos dias será, certamente, resolvido pela Autoridade de Supervisão, no seguimento
do decreto clarificador que vai confirmar a habilitação legal da Autoridade de Supervisão para avaliar a
idoneidade do Dr. Tomás Correia, não nos pode fazer desviar de um aspeto importante que ontem foi destacado
na audição do presidente da Autoridade de Supervisão: o de que à Autoridade de Supervisão não cabe só avaliar
a idoneidade do Dr. Tomás Correia.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, vou terminar.
Cabe-lhe também, por exemplo, exigir informação financeira, promover auditorias especiais à Associação
Mutualista, proceder à verificação em matéria de provisões técnicas, dos requisitos de capital, da avaliação dos
elementos do ativo e do passivo e das regras de investimento e dos fundos próprios.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — É matéria fundamental para avaliar a situação patrimonial e o nível de
gestão da Associação Mutualista Montepio.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem mesmo de concluir.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Porque é que o PSD não se preocupou, na sua intervenção, com estes
aspetos que são muito importantes para prestar a informação devida aos 630 000 associados da Associação
Mutualista?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr. Presidente, começo por agradecer as questões colocadas pela Sr.ª Deputada
Cecília Meireles e pelo Sr. Deputado João Paulo Correia.
De facto, a Sr.ª Deputada Cecília Meireles tem toda a razão. O valor primacial nesta matéria é a confiança e,
por manifesta incompetência — digo eu! — do Governo, esta relação de confiança está, claramente, a esfiapar-
se, a debilitar-se. E isto, obviamente, não pode ser!
O Governo, alertado para isto, o que é que fez? Sentou-se em cima das próprias mãos, dizendo «a
competência não é nossa, está tudo claro, alguém que resolva a questão porque não temos nada a ver com
isto». Depois, verificou-se que, afinal, têm e, por isso, vão mesmo corrigir aquilo que estava errado. Isto é, o
Governo foi incompetente a legislar sobre matéria de grande sensibilidade, uma das matérias de maior
sensibilidade que existe, neste momento, no País.
É bom que fique claro das minhas intervenções que nós não atacamos o mutualismo, exaltamos o
mutualismo! Nós não atacamos a Associação Mutualista. Ela já lá estava antes do Dr. Tomás Correia e ficará
para depois do Dr. Tomás Correia. Ela não começou nem acabará com o Dr. Tomás Correia. Ela é um bem
precioso que há em Portugal.
Por isso é que reclamamos que haja clareza nesta matéria, para que esta questão seja rapidamente
ultrapassada, porque, desta maneira, a confiança esvai-se, a segurança enfraquece e quem mais perde são,
obviamente, os portugueses que acreditaram.
Sr. Deputado João Paulo Correia, V. Ex.ª proferiu uma frase que sou capaz de citar ipsis verbis. O Sr.
Deputado disse: «A continuação do Dr. Tomás Correia cria uma ameaça à estabilidade da Associação
Mutualista».