I SÉRIE — NÚMERO 62
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interesses da maioria e do governo conjunturais; independentes de interesses pessoais do indivíduo que, a cada
momento, está no regulador. Uma independência que garanta uma decisão pública guiada pelo interesse público
e não pela posição de privilégio, pela promiscuidade ou pela proximidade ao poder político.
Na nossa visão de democracia não há independências absolutas. Todos os poderes estão limitados, estão
sujeitos a alguma forma de escrutínio e responsabilização.
A experiência portuguesa de duas décadas de regulação independente é, globalmente, positiva. Mas,
registámos, e registamos, várias falhas, omissões e erros que mostram que nenhum poder, nem este poder dos
reguladores independentes, pode ficar sem fiscalização.
Sr. Presidente, para o PSD, a independência não pode ser absoluta, mas tem de haver independência efetiva
e protegida. Infelizmente, esse não é pensamento unânime nesta Casa.
Do lado da extrema-esquerda, Bloco de Esquerda e PCP não aceitam a liberdade económica, quanto mais
a concorrência, mesmo que regulada. Preferem o centralismo dirigista, sempre comandado pelo partido.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Só faltam as criancinhas ao pequeno-almoço!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — O partido no princípio e no fim de tudo.
Pior: esquecem as lições da história, dos desastres de supostas democracias, efetivamente totalitárias, em
que a liberdade e o bem-estar dos povos foram arrasados por tiranias de supostas maiorias…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Explique lá porque é que reconduziu o Carlos Costa!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — … ou por populismos demagogos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Explique lá o Carlos Costa!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sim, explico, Sr. Deputado João Oliveira.
Podíamos ir lá atrás e lembrarmo-nos de como, na Grécia Antiga, o Sócrates «bom» foi assassinado; ou de
como, depois da Revolução Francesa, foi lançado o terror.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é que é uma digressão!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Mas podemos vir para Portugal, para o pós-25 de Abril, e lembrar
aquilo que, na altura, se chamava sovietização, mas que hoje se pode chamar chavização ou venezuelização
do nosso País, que tentaram…
Vozes do PCP: — Ah!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — … no verão quente de 75.
Aplausos do PSD.
Protestos do PCP.
Mas, o Partido Socialista, o atual, aliás, tal como o do Sócrates «mau», que, no fundo, é o mesmo — são,
praticamente, os mesmos a dirigi-lo e da mesma maneira —, é um bocadinho mais sofisticado. Nas palavras,
defende a economia livre e de mercado, aceita a concorrência e diz — nas palavras! — que concorda com a
regulação económica independente. Mas, na prática, na prática, na governação do Estado e dos poderes
políticos, este Partido Socialista…
Protestos do Deputado do PS Fernando Anastácio.