16 DE MARÇO DE 2019
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O PSD propôs uma comissão parlamentar com todos, que se debruçasse sobre o sistema de segurança
social e o debatesse e os partidos deste Governo chumbaram-na.
O PSD propôs a obrigatoriedade de incluir um relatório que analisasse o impacto dos Orçamentos do Estado
e das medidas deste Governo, e de todos os Governos, na perspetiva da equidade intergeracional e os partidos
deste Governo chumbaram-no.
Ponhamos de forma a que não possam fingir que não compreendem: a Rosa tem 52 anos e desconta há
mais de 30 anos — com certeza, os senhores conhecem a Rosa. No cenário do otimismo meio irreal deste
Governo, a Rosa reforma-se em 2033. O vosso próprio prazo de validade diz que a Rosa, de 52 anos e mais de
30 de descontos, já não vai ter pensão de reforma do sistema previdencial, terá falido três anos antes.
O que é que os partidos deste Governo têm para dizer à Rosa?!
Sejamos justos: as respostas não são iguais de todos os partidos desta maioria. PCP, Bloco e Os Verdes
dirão que também estão a trabalhar para a Rosa e que até querem aumentar as reformas e antecipar a idade
de reforma.
A Rosa perguntar-lhes-á: em quanto é que essas dádivas vão acelerar uma falência do sistema já hoje
previsto para 2030?
Ora, justiça seja feita, o PS não responderá a isso. Na realidade, não vai responder à Rosa, vai continuar
com a cabeça na areia, não vá algum eleitor lembrar-se que os cortes nas pensões e nas prestações sociais —
que continuam aqui a bradar — foram decididos pelo Partido Socialista que os inscreveu como obrigatórios no
Memorando em que pediu dinheiro para suprir a bancarrota.
Aplausos do PSD.
Se não sabem reconhecer o trabalho dos outros, não enganem os portugueses — está escrito, é ler o
Memorando.
Os remendos que o Partido Socialista vai fazendo ao sistema previdencial para apregoar aumentos de
pensão de reforma são sempre à custa de todos e sem contas claras, porque aquilo em que prejudicar hoje a
pensão da Rosa ela só sentirá na sua pensão no futuro, e os votos são para agora.
Mas há um ponto comum: todos, PCP, Bloco, Os Verdes e Partido Socialista, dirão que ninguém ficará sem
reforma.
Só convinha dizer que, para isso, recorrerão aos impostos dos portugueses, para além daquilo que os
portugueses já contribuem para a segurança social.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
E, sim, é também por isto que o sistema público de pensões, com clareza e transparência, precisa de ser
reformado.
No PSD, não conhecemos apenas as Rosas e fazemos política para todos, porque essa é a nossa função.
Protestos do BE e do PCP.
O sistema público de pensões exige um equilíbrio delicadíssimo porque é a garantia dos rendimentos a quem
deixa de trabalhar. Jamais admitiremos que algum português…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Termino já, Sr. Presidente.
Como dizia, jamais admitiremos que algum português se resigne e diga, como dizem, «já estou a contar não
ter reforma».
Os exercícios lúdicos não servem à política. Tenham coragem de governar de facto e de procurar soluções
para o problema dos portugueses e não dos eleitores.