16 DE MARÇO DE 2019
55
Quem defende a reforma aos 65 anos tem de dizer como é possível financiar 20 anos de reformas, o que
representa cerca de metade do período da vida ativa.
As boas notícias sobre longevidade lançam, simultaneamente, desafios muito grandes não só às pessoas e
às famílias, mas também ao sistema e ao nosso modo de vida.
E a verdade é que nenhum populista responde a outro desafio de grandes dimensões: o evoluir da pirâmide
demográfica.
Há cada vez mais pessoas a receber relativamente às que estão a trabalhar e o financiamento das pensões
é matéria sensível e delicada. Há que cuidar do seu futuro.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Mas em França, em Itália ou em Portugal nenhum populista quer saber disso, porque o seu foco é outro: o
eleitorado e a resposta imediata.
Sr.as e Srs. Deputados, se as propostas que o PCP, Os Verdes e o Bloco de Esquerda aqui nos trazem não
são novas, há um dado que, apesar de tudo, é singular na Europa. Le Pen mente e ilude quando propõe o que
o PCP e o Bloco nos trazem, mas mente apenas uma vez. Já o PCP e o Bloco de Esquerda mentem duplamente:
propõem o que sabem que não é realizável, mas aprovam o Governo que desmente o que propõem.
A esquerda dá as piruetas que quiser, mas, no fim, Portugal pode bem dispensar o seu teatro. Nada disto
faz falta ao futuro de Portugal!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Muito obrigado, Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia, por
não ter ultrapassado o tempo.
Para uma segunda intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. JoséMouraSoeiro (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ouvi com atenção a intervenção da Sr.ª
Deputada Catarina Marcelino, pelo que gostava de voltar a perguntar-lhe qual é a posição do Partido Socialista
relativamente a algumas destas matérias.
O corte na reforma por via do fator de sustentabilidade foi a contrapartida criada pelo Partido Socialista para
que a idade da reforma fosse fixa. Aliás, com o modelo do atual Ministro Vieira da Silva num outro Governo do
Partido Socialista, a idade da reforma era aos 65 anos e foi por isso que se criou o fator de sustentabilidade.
Expliquem-nos, Srs. Deputados, explique-nos, Sr.ª Deputada Catarina Marcelino, porque é que, num
momento em que a idade da reforma aumenta todos os anos, se justifica manter o corte via do fator de
sustentabilidade. Qual é o argumento? É que não faz nenhum sentido, à luz do próprio modelo que o Partido
Socialista defendeu.
Segunda questão: no Orçamento, aprovámos uma medida no sentido de os trabalhadores das pedreiras
terem direito a reformar-se mais cedo. Esses trabalhadores, quando se reformam na idade que a lei lhes
reconhece, não estão a requerer uma pensão antecipada, estão a reformar-se porque atingiram a idade legal
da reforma.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. JoséMouraSoeiro (BE): — Por que razão é que se aplica um corte de 15% às pensões destes
trabalhadores?
Sr.ª Deputada, estas são questões concretas que os trabalhadores gostavam de ver respondidas e que,
infelizmente, de acordo com a sua intervenção, vão merecer o chumbo do Partido Socialista.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João
Oliveira.