4 DE ABRIL DE 2019
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A Sr.ª Ministra da Justiça: — O Sr. Ministro da Administração Interna tem, pela organização do Governo,
um conjunto de atribuições em matéria de segurança interna, mas esse é o seu limite.
A Ministra da Justiça, embora tenha na sua órbita a Comissão da Liberdade Religiosa, já não é ministra dos
cultos. Portanto, estou limitada, de facto, às áreas da justiça. É isso que me corresponde na orgânica do
Governo.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Ministra de quê?!
A Sr.ª Ministra da Justiça: — Dos cultos! Já foi dos cultos, mas já não é.
Respondemos aqui ambos pelas áreas governativas que tutelamos, reafirmando, em primeiro lugar, o reforço
da capacitação das forças e serviços de segurança e, em segundo lugar, o quadro de segurança em que o País
vive.
O RASI revela-nos, sem margem para equívocos, que a criminalidade geral e que a criminalidade organizada
continuam a decrescer. Esse é um bom sinal para Portugal.
Também é muito recente a posição de Portugal entre os países mais seguros do mundo. Foi, por isso, Sr.
Deputado Carlos Peixoto, se me permite, um mau dia, um mau timing para este debate, não apenas pelas
circunstâncias que acabei de referir mas, substancialmente, porque no momento em que os dados oficiais
evidenciam um quadro estável de segurança, o PSD, na pessoa do Sr. Deputado Carlos Peixoto, vem ao
Parlamento com um discurso que gera, no plano da opinião e da perceção, uma ideia errada: a ideia de que
algo de errado se passa com os dados do RASI, ou com as outras informações, e de que, afinal, Portugal,
provavelmente, não é um País tão seguro quanto se pretende, potenciando, dessa forma, sentimentos
injustificados de insegurança.
É verdade que, no RASI — e não é preciso irmos ao RASI —, há problemas relacionados com as matérias
da violência doméstica, que foram aqui abordados, e também da violência sexual. Mas, nessas duas dimensões,
o dramatismo do número dos primeiros meses do ano e, sobretudo, a forma, diria, um pouco «inexpetável»,
como as coisas aconteceram levaram-nos a tomar medidas de emergência. Estamos a trabalhar, e penso que
isso deve ser reconhecido, ativamente nessa matéria.
As boas notícias do RASI não são afetadas, diria, pela circunstância de aumentar o número de extorsões.
Essa referência foi aqui feita e, obviamente, essa matéria foi discutida aquando da aprovação do RASI no seio
do órgão competente.
O aumento do número de extorsões, Sr. Deputado Telmo Correia, se quiser ter atenção ao que se passa,
resulta essencialmente da questão de haver negócios eletrónicos associados ao turismo e de haver nesse
domínio, de facto, intervenções criminosas que acabam em processos extorsivos.
Fizemos um esforço notável de reposição dos efetivos das forças e dos serviços de segurança,
depauperados por anos de desinvestimento.
Investimos, sim! Investimos na segurança, como já referiu aqui o Sr. Ministro da Administração Interna,
investimos na justiça, onde se fez um esforço enorme de requalificação e de reforço de efetivos.
Na Polícia Judiciária, faremos entrar um quarto dos efetivos que atualmente existem na investigação criminal.
Não foram, apenas, os 120 daquele concurso — não! —, foram esses 120, foram ontem mais 40 estagiários e
foi ontem autorizada a abertura de um concurso para mais 100, o que significa 260 efetivos. Portanto, é um
quarto!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Daqui a três anos?!
A Sr.ª Ministra da Justiça: — Não, «daqui a três anos» foi no tempo em que VV. Ex.as permitiram que um
concurso demorasse quatro anos!
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do PSD Carlos Peixoto.