I SÉRIE — NÚMERO 71
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propinas, ou como a baixa do IVA da restauração que se repercutiu em criação de mais emprego, medidas para
as quais, de resto, Os Verdes muito se orgulham de ter contribuído.
Mas não admira porque o PS e o CDS nunca verdadeiramente governaram para as pessoas, mas, sim, para
servir grandes interesses económicos.
O Sr. Primeiro-Ministro: — É PSD!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O que é que eu disse?
O Sr. Primeiro-Ministro: — Disse PS!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Queria dizer PSD, claro! É PSD e CDS!
De facto, PSD e CDS protagonizaram sempre um enorme aumento de impostos para as pessoas, mas
propuseram sempre uma diminuição do IRC para os grandes grupos económicos com grandes lucros. E é isso,
de resto, que ainda mantêm como proposta, como a Sr.ª Deputada Assunção Cristas aqui bem referiu.
Mas Os Verdes, Sr. Primeiro-Ministro, também gostariam de falar sobre a moralidade do Governo. Impõe-se
falar sobre esta matéria, porque o Governo farta-se, e muito bem, de apelar aos cidadãos para a limpeza da
floresta, no sentido de prevenirmos os fogos florestais.
No entanto, foi tornado público que o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), instituto
público, foi multado pela GNR por causa da falta de limpeza da mata de Leiria. Portanto, Sr. Primeiro-Ministro,
«bem prega Frei Tomás…»! É preciso, de facto, que o Estado faça aquilo que exige aos cidadãos!
Nesse sentido, pergunto-lhe: o Estado deve, ou não, dar o exemplo, Sr. Primeiro-Ministro?
Aplausos de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, felizmente, essa questão
relativa à mata de Leiria está ultrapassada. O auto, que foi levantado, e bem, porque a lei é igual para todos,
tinha a ver não propriamente com limpeza, mas com a remoção dos materiais das áreas ardidas. Como sabe,
foram muito extensas as áreas ardidas no Pinhal de Leiria, pelo que houve atrasos, e foi isso que foi objeto de
autuação. Neste momento, felizmente, essa situação está ultrapassada e o ICNF está a executar, em velocidade
de cruzeiro, todo o seu plano de remoções e de limpezas.
Chamo a atenção para o facto de, há mais de 10 anos, concretamente em 2006, ter sido desenhada a rede
primária, que previa a abertura de 11 000 km lineares. Desses 11 000 km lineares, durante 10 anos, foram
abertos 1100 km; só nos últimos dois anos, foram abertos 2500 km; e vamos chegar ao final deste ano com
4000 km lineares abertos. Ou seja, nós estamos a fazer, nestes quatro anos, 40% daquilo que não foi feito nos
10 anos anteriores. É esse o esforço que temos de retomar para assegurar que teremos uma floresta mais
resiliente.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, pois, Sr. Primeiro-Ministro,
mas o esforço é dar o exemplo, é que os organismos do Estado também façam aquilo que se exige aos cidadãos.
Por isso, quero dizer-lhe que Os Verdes não têm essa complacência com a inércia de determinados organismos
do Estado. E relembro que o Pinhal de Leiria ardeu em mais de 85%, em 2017. Portanto, é bom que o Estado
se mexa e dê o exemplo em relação àquilo que exige, e bem, aos cidadãos.
Por outro lado, Sr. Primeiro-Ministro, gostava de lhe dizer o seguinte: a água que chega de Espanha para o
rio Tejo não é suficiente. Nós estamos novamente a atravessar um período de seca. Os ecossistemas do Tejo