I SÉRIE — NÚMERO 73
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de uma estrutura distrital numa estrutura por NUTS (nomenclatura das unidades territoriais para fins estatísticos)
é o mesmo Governo que depois não altera essa realidade em relação aos agentes de proteção civil.
Portanto, teremos um sistema que, do ponto de vista territorial, terá divisões diferentes, consoante a entidade
de coordenação e os agentes de proteção civil que depois têm de responder às ocorrências.
Esse é um erro que não se pode deixar passar em claro e é um exemplo evidente da incapacidade que este
Governo tem tido para dar a resposta eficaz àquele que foi um problema sério…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Termino já, Sr. Presidente.
Como dizia, este é um exemplo evidente da incapacidade que este Governo tem tido para dar a resposta
eficaz àquele que foi um problema sério, uma circunstância trágica que exigia deste Governo maior celeridade,
mas que, sobretudo, exigia deste Governo maior competência.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado João
Dias.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Com esta declaração política, trazemos hoje a
debate os problemas da seca e as suas consequências para a produção agrícola e pecuária. Entendemos que,
ainda que nos últimos dias tenha havido alguns aguaceiros, não podemos ficar descansados e, muito menos,
achar que a situação está ultrapassada graças à providência, que se encarregou de resolver a situação.
É, aliás, apanágio do atual Governo, mas também do anterior, a sua enorme fé na providência e, talvez por
isso, as suas medidas não vão além da manifestação de preocupações.
Estamos a falar de um fenómeno já sobejamente conhecido, cujas consequências não decorrem apenas da
maior ou menor intensidade das chuvas que vão caindo, mas sim, e principalmente, da ausência de medidas de
longo prazo e necessárias para as mitigar.
Temos ou não temos todos consciência dos rios de água que se desperdiçam por não terem sido feitas as
obras hidrográficas que as podiam conter e canalizar?
Sr. Presidente, Srs. Deputados, fruto de sucessivos períodos de seca, são sentidas repercussões negativas
a nível do aproveitamento agrícola, das dificuldades no acesso das populações à água e o que se vê é o recurso
a medidas de emergência e planos de contingência, porque medidas de fundo que respondam a uma realidade
que se vem tornando recorrente nem vê-las!
Queremos, desde logo, deixar bem claro que a realidade atual de absoluta exposição ao risco e à fragilidade
a que os agricultores e produtores pecuários estão expostos perante cenários de seca, evidencia a enorme
incapacidade para se dar resposta a situações de seca com que o nosso País se confronta nos últimos anos.
Essa fragilidade acentua-se com o aumento dos períodos de seca e pela opção por uma agricultura, em regiões
como o Alentejo, caracterizada pela intensificação do uso da água e da terra numa lógica de acumulação de
capital, onde vastas áreas de vinha, de amendoal e de olival intensivo e superintensivo são a principal expressão
e cujo efeito a médio e longo prazo pode ser nefasto no plano económico, social, ambiental e paisagístico.
A poluição e a contaminação de linhas de águas e lençóis freáticos, de consequências diversas, é outro
aspeto a merecer atenção com os seus efeitos na redução da quantidade de água em condições de utilização
adequada.
Esta fragilidade e a permanente ameaça perante um quadro cada vez mais habitual como é a seca resulta
das opções da política de direita protagonizadas por PS, PSD e CDS de não concretizaram os investimentos
previstos ao longo dos anos em diversos instrumentos de planeamento, como sejam o PNPOT (Programa
Nacional da Politica de Ordenamento do Território), bem como os PROT (programas regionais de ordenamento
do território) ou o Plano Nacional da Água e os planos de bacia hidrográfica, entre outros.
Como consequência por tamanha falta de investimento é a falta de capacidade de armazenamento de água
necessária para responder aos efeitos da seca que está em causa, tal como é reconhecido pelas mais diversas
entidades ligadas ao setor. E não tem sido por falta de alertas do PCP. PSD e CDS estiveram mais preocupados