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12 DE ABRIL DE 2019

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iniciativa que Os Verdes hoje trouxeram para discussão. E ainda bem que assim é, porque o cenário é muito

negro.

Na União Europeia, produzem-se cerca de 58 milhões de toneladas de plástico por ano, sendo que Portugal

apresenta uma média de 31 kg por pessoa, o que, como se percebe, corresponde a um valor superior à média

europeia.

De facto, aos poucos, o uso do plástico acabou por se impor e fazer parte integrante do nosso dia a dia. A

sua natureza versátil, a sua durabilidade, resistência, maleabilidade e, sobretudo, o baixo custo da sua produção

transformaram o plástico num material utilizado em larga escala para os mais variados fins.

Mas, como «não há bela sem senão», também no que diz respeito ao plástico é preciso olhar atentamente

para o outro lado, ou seja, para as consequências da utilização em larga escala, de tanto facilitismo e de tantas

vantagens.

Ora, como todos sabemos, o plástico tornou-se um problema ambiental muito sério, contaminando,

designadamente, os nossos mares, com repercussões graves, nomeadamente para a fauna marinha.

As notícias sobre as consequências da utilização do plástico, que são frequentes e com uma regularidade

assustadora, vão-nos dando nota de situações que deveriam ser impensáveis: aves marinhas, baleias,

tartarugas e outras espécies são encontradas com o estômago literalmente repleto de plástico.

De facto, esta ameaça incide sobre as mais diversas espécies marinhas e, através da cadeia alimentar, o

consumo indireto do plástico chega facilmente a outras espécies e também ao ser humano.

Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço desculpa por interrompê-lo, mas peço às Sr.as e aos Srs. Deputados

que estão de pé, alguns de costas para a tribuna, para se sentarem ou saírem.

Pausa.

Faça favor de continuar, Sr. Deputado.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Muito obrigado, Sr. Presidente.

Com efeito, involuntariamente, com desconhecimento e sem dar por isso, a verdade é que os consumidores

de peixe acabam por correr o sério risco de ingerir plástico, o que, para além da dimensão ambiental geral, tem

uma incidência sobre a saúde humana e a sobrevivência de outros seres. Ou seja, quando falamos dos perigos

da utilização do plástico, não falamos apenas da sua dimensão ambiental; falamos, também, da sua dimensão

em termos de saúde.

Na verdade, os plásticos podem constituir elementos tóxicos para os organismos vivos ou para os

ecossistemas e, mesmo se não o forem, constituem elementos estranhos que vão alterando gradualmente a

composição desses mesmos ecossistemas.

Uma vez lançados em meio livre, os plásticos, através da ação dos agentes ambientais, vão-se dividindo em

microplásticos que entram na cadeia alimentar, com consequências para muitas espécies, incluindo o ser

humano.

Tornou-se, aliás, comum falar-se do grave problema da contaminação dos oceanos por plásticos e na

entrada, cada vez mais frequente, de microplásticos nas estruturas de organismos vivos, que facilmente

chegam, também, a produtos alimentares para consumo humano.

Estudos recentes não deixam dúvidas quanto à presença de microplásticos no sal utilizado para cozinha,

inclusivamente em marcas portuguesas.

Mas mais: os estudos reportam, ainda, que, para além do sal, estes componentes já foram detetados noutros

alimentos, como o peixe, o marisco e mesmo o mel ou a cerveja.

Diz quem sabe que cerca de 85% da poluição marinha resulta do lançamento do plástico em meio livre e o

mais grave é que em 2050, se nada for feito para inverter este cenário, é muito provável que os nossos mares

venham a ter mais plástico do que peixe.