13 DE ABRIL DE 2019
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O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — As alterações à lei não se aplicam já nem ao Governo, nem à Assembleia
da República, nem às eleições para o Parlamento Europeu. Só se aplicam em 2020, o que significa que, nas
próximas eleições, a clarificação que o PS quer introduzir fica na gaveta.
Finalmente, Srs. Deputados, este projeto não clarifica nada. Para ter feito aquilo que fez, valia mais ao PS
estar quieto! Complicou e alterou para pior.
Ao dizer que fica proibida toda a publicidade, vários atos, programas, etc., com exceção das ações
informativas já em curso ou de realização periódica ou sazonal, cria muito mais problemas do que soluções.
A partir de agora, para quem quiser contornar a lei é muito simples, basta dizer que já estava tudo em
andamento antes da entrega das listas. Era o outdoor que já estava com as estruturas encomendadas, era o
design que já estava em curso, era a revista municipal que já estava na tipografia e, portanto, a partir daqui vale
tudo! Abre-se um alçapão para situações muito perigosas e indesejáveis.
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Vou já terminar, Sr. Presidente.
Na forma como se encontra, este projeto é, de facto, um hino ao esquema e à subversão. Obviamente, o
PSD não colocará a sua assinatura numa lei que desregula em vez de regular e, portanto, votará contra esta
apressada iniciativa.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda,
o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O
nosso povo já percebeu bem algumas das manhas dos políticos e, por isso, quase transformou em ditado
popular a ideia de que se houvesse eleições todos os anos, todos os anos o País andava mais rapidamente
para a frente.
São as obras concentradas no ano das eleições e, por isso, toda a gestão de uma governação que é
instrumentalizada pelo calendário eleitoral; é um ministro, um primeiro-ministro, um presidente de câmara, um
presidente de junta que fica supersónico nos meses antes das eleições e que consegue estar em todo o lado,
em todas as inaugurações, a fazer aquilo que não fez nos três anos anteriores; e é, clara e inequivocamente,
uma tática repetida, batida e mesquinha de utilizar os dinheiros públicos e, acima de tudo, o interesse das
populações em função de interesses pessoais ou de interesses partidários.
Isto deve ser combatido? Sim, deve ser combatido em nome de uma higiene na política e de uma higiene na
condução dos destinos públicos, necessárias para uma democracia de qualidade.
A lei defende esta higiene? Defende. E, já agora, a Comissão Nacional de Eleições apenas afirmou
publicamente, relembrando os partidos políticos, os decisores e os agentes públicos, que a lei existia, que era
para ser cumprida e que não iria olhar para o lado caso recebesse queixas sobre o seu incumprimento.
Vai daí, o que é que aconteceu imediatamente? Aqueles que já tinham sido objeto de queixa anteriormente,
aqueles que já tinham sido indicados pela Comissão Nacional de Eleições como culpados e — e esta é que é a
parte fundamental — decididos como culpados pelo Tribunal Constitucional, vieram queixar-se de que havia
uma nova lei da mordaça.
Então, o Partido Socialista decidiu criar um novo ódio de estimação institucional e fazer uma lei, clara e
inequivocamente, contra a Comissão Nacional de Eleições.
Se dúvidas houvesse, o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, na sua intervenção inicial, fez questão de
relembrar que houve inúmeras interpretações, que houve várias formas de interpretar a lei pela Comissão
Nacional de Eleições quando, na prática, quem não percebia, porque não queria perceber, era o Partido
Socialista, estivesse ele no Governo ou em espaços autárquicos.
Ora, deste ponto de vista, este projeto de lei é um nado-morto. Já se percebeu que nenhuma bancada o
acompanha, já se percebeu que ele só serve os interesses do Partido Socialista e já se percebeu também que