16 DE MAIO DE 2019
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O Sr. Fernando Manuel Barbosa (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
Sr. Ministro, os transportes contribuem com cerca de 25 % da emissão de gases com efeito de estufa. Em termos
médios, o transporte coletivo tem uma quota de mobilidade de pouco mais de 10%, enquanto no transporte
individual essa quota situa-se muito próxima dos 70%.
Tendo o Governo — no qual S. Ex.ª é o responsável por um ministério-chave, não só pela pasta do ambiente,
mas também, neste caso concreto, pela pasta que tutela os transportes — assumido o compromisso de cumprir
os objetivos de descarbonização, estando já em vigor algumas medidas do Programa de Apoio à Redução
Tarifária para o incentivo do uso do transporte público, pergunto ao Sr. Ministro se acompanha o Bloco de
Esquerda na necessidade de aumentar o investimento nos transportes públicos, em recursos humanos e
materiais, para que não sejam defraudadas as justas expetativas dos utentes, que foram criadas com as medidas
de redução tarifária. É que as notícias dão-nos conta de viagens suprimidas, carruagens, autocarros e barcos
cheios, horários que não são cumpridos, ou seja, a oferta não é suficiente para a procura, que tem aumentado
todos os dias.
Como sabe, no que às empresas públicas diz respeito, ainda ontem a Comissão de Trabalhadores do
Metropolitano de Lisboa nos fazia chegar a necessidade urgente de investir em meios humanos e materiais,
para dar apoio e fazer face à crescente procura.
No caso do Metro do Porto, onde também é necessário dar condições aos profissionais para desempenharem
o seu trabalho, dou-lhe o exemplo da sala de Santo Ovídio, que pouco mais de 2 m2 tem, não tem ventilação,
tem água a escorrer nas paredes, e é onde os trabalhadores aguardam, trocam de roupa e tomam as refeições.
Também na CP, há necessidade de efetuar encomendas de mais material circulante, pois sabemos que
demora tempo entre a encomenda e a entrega e não é em qualquer prateleira de hipermercado ou stand, ao
virar da esquina, que se consegue comprar materiais. Portanto, importa fazer com antecedência a encomenda
do material necessário.
Sr. Ministro, deixo-lhe mais uma pergunta: que medidas pretende adotar para dotar o transporte público de
meios que possam mitigar as carências atualmente existentes e prevenir que, no futuro, se volte a ter uma rede
de transportes públicos em quase rutura, como se encontra atualmente?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, está um ruído de fundo insuportável. Peço às Sr.as Deputadas que
estão de pé o favor de se sentarem ou saírem da Sala.
Vamos prosseguir.
Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Duarte Alves, do Grupo Parlamentar do
PCP.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, Sr. Ministro do
Ambiente e da Transição Energética, numa discussão como a que estamos a ter hoje, sobre os desafios
ambientais, não se pode deixar de colocar em cima da mesa as questões dos transportes e da mobilidade.
O consumo de energia com o transporte é a maior fatia do consumo energético, mais do que o consumo
doméstico, mais do que a indústria, a agricultura ou qualquer outra atividade económica. Nesta matéria,
independentemente das inovações tecnológicas que possa haver, é decisivo tomar medidas para passarmos de
um paradigma do transporte individual para um paradigma do transporte coletivo como meio estruturante para
a mobilidade.
Medidas como o Programa de Apoio à Redução Tarifária, conseguido pela luta dos utentes e pela intervenção
persistente do PCP, resultam num aumento significativo da mobilidade em transporte coletivo, contribuindo para
que haja menos carros nas cidades. É este tipo de medidas que é necessário fazer, mais do que a retórica ou
medidas baseadas numa lógica punitiva, em que os mais pobres são sempre os mais prejudicados.
No entanto, Sr. Ministro, se queremos realmente apostar no transporte coletivo, é preciso também dar mais
e melhores condições nos transportes.
Acumulam-se problemas, supressões, falta de condições nos transportes, fruto da falta de meios humanos e
do desinvestimento, porque o Governo insiste na redução acelerada do défice, para cumprir as imposições da