I SÉRIE — NÚMERO 88
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para palavras, é o tempo para as ações que se esperam do Governo para que haja sustentabilidade do território,
uma floresta produtiva e resiliente e uma agropecuária também produtiva, resiliente e amiga do ambiente. O que
é que temos? Diminuição da área florestal. O que é que temos? Medidas avulsas para a seca e nenhuma medida
de fundo.
Sr. Ministro, a pergunta que lhe quero deixar é muito simples: tendo em conta a situação de seca e as
alterações climáticas que o País vive, para além destas habituais medidas, repetidas vez após vez, ano após
ano, que medidas estruturantes de mitigação desta situação emergente nos traz o Governo, para salvaguarda
do nosso território e do nosso mundo rural, sempre esquecido pelos amigos, ou ditos amigos, do ambiente?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Isabel Pires, do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr. Ministro do Ambiente e da
Transição Energética, um dos caminhos que nos parece inevitável para, de facto, combater as alterações
climáticas e efetivar a transição energética é o de terminar ou reduzir ao máximo a produção de plásticos.
Não há muito tempo, tivemos oportunidade de ir mais longe nesse caminho, com uma proposta do Bloco de
Esquerda, chumbada pelo Partido Socialista, para a implementação de um sistema de depósito e retorno de
embalagens de tara recuperável, à semelhança, aliás, do que, durante vários anos, várias décadas, aconteceu
também no nosso País, com a utilização de vidro. Portanto, falávamos de uma verdadeira alteração de
paradigma, e não apenas de uma mitigação do paradigma existente, e falávamos de responsabilizar os
produtores e não colocar todo o ónus no consumidor, ou utente.
O Sr. Fernando Manuel Barbosa (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — O facto de esta proposta ter sido recusada denota uma contradição que o
Governo deve esclarecer e que tem, urgentemente, de resolver: por um lado, o discurso de que é preciso fazer
a transição energética e de que está muito preocupado, também, com a produção de plástico e o seu impacto
no meio ambiente; por outro lado, a prática que leva a medidas que não atacam a raiz do problema, que mantêm
a produção de plásticos, mesmo que seja de uma forma diferente.
Portanto, do nosso ponto de vista, são posições que não são compatíveis e o Governo tem de perceber se
quer ou não ser parte da solução ou perpetuar o problema até ser tarde demais. E, aliás, coloco até a questão
de outra maneira: se quer ou não levar adiante a máxima que deixou ali em cima, na tribuna, de passar à ação
e deixar apenas as palavras de lado.
Por isso, e considerando também este caso das embalagens e da produção do plástico, que tem
urgentemente de parar, vai ou não o Governo declarar a emergência climática e ouvir, de uma vez, os apelos
de toda uma geração que se levanta pela salvação do planeta, sob o risco de daqui a um mês ou daqui a um
ano já ser tarde demais?!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Agora, nesta espécie de rotativismo entre o Bloco de Esquerda
e o PSD, dou novamente a palavra ao PSD, ao Sr. Deputado Maurício Marques, para pedir esclarecimentos.
O Sr. Maurício Marques (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr. Ministro, o senhor disse
aqui, na sua intervenção inicial, que mais do que palavras são necessárias ações. Aliás, isso já foi referido pelos
meus colegas.
Queria dar conta de que, relativamente à água, assunto preocupante adicional nesta matéria, as ações que
estão a ser desenvolvidas no capítulo do sistema em alta não são benéficas, antes, pelo contrário, sabemos que
nos momentos que correm, nos últimos três anos, a autonomia dos sistemas multimunicipais tem sido