14 DE JUNHO DE 2019
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Este projeto propõe proibir que se deitem beatas para o chão e aplicar coimas entre 200 € e 4000 € a quem
o faça. Quando há pouco falou, o Sr. Deputado André Silva trouxe, num garrafão de plástico — que, presumo,
depois vai parar ao ecoponto —,…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Já devia pagar multa!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — … as beatas que foram recolhidas na Avenida Almirante Reis. Ora,
se um condutor for em excesso de velocidade na Avenida Almirante Reis, paga 120 € de coima, mas, se deitar
uma beata pela janela, vai pagar, no mínimo, 200 € de coima. Parecem-nos claramente desproporcionadas,
estas coimas!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — O curioso é o garrafão de plástico! Devia pagar uma multa de 500 euritos!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Depois, obriga à existência de cinzeiros e equipamentos de recolha,
o que faz todo o sentido, como disse, e parece-nos óbvio, e propõe, caso não existam, coimas que vão de 1 a
5 milhões de euros. São estas as coimas propostas, porque a iniciativa remete para as contraordenações
ambientais e considera-a uma contraordenação muito grave.
Esta proposta, no âmbito da responsabilidade alargada do produtor, também prevê que cabe ao produtor
assegurar a gestão dos resíduos, só que não explica como, não aponta uma solução e não apresenta uma
proposta.
Posto isto, no CDS, acreditamos que a solução não está em proibir e sancionar, mas passa necessariamente
pela inovação, pela investigação, pela sensibilização dos cidadãos, pela procura de novas soluções, novas
utilizações que contribuam para a economia circular. E há já muitos bons exemplos de recolha de beatas para
utilização e transformação: o projeto Portugal sem Beatas, que distribui porta-beatas que são uma espécie de
tubinhos de ensaio; os cinzeiros nas praias; a Missão Beatão, que existe, por exemplo, no meu concelho; ou,
até, o E-tijolo, programa muito recentemente divulgado, do Instituto de Soldadura e Qualidade e do Laboratório
da Paisagem, que venceu um concurso de ideias em abril deste ano e que prevê precisamente a incorporação
de uma percentagem de beatas na construção de tijolos, tornando-os mais leves e resistentes ao isolamento.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada…
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Para terminar, Sr. Presidente, devo dizer que toda esta matéria é, de
facto, muito importante, mas, na opinião do CDS, não se deve seguir pela proibição e sanção antes de se fazer
uma fase prévia de sensibilização e de se pensar em alternativas tecnológicas inovadoras que permitam resolver
um problema que é de todos nós.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PCP,
tem a palavra a Sr.ª Deputada Ângela Moreira.
A Sr.ª Ângela Moreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O destino das pontas de cigarro tem
de ser outro que não o de poluir o meio ambiente, mas o projeto de lei do PAN, que hoje discutimos, segue,
mais uma vez, a orientação a que o PAN nos habituou, de proibir, punir ou multar, e que temos dificuldade em
acompanhar.
Estamos perante mais uma iniciativa com foco em proibições, penalizações, aplicação de coimas, mais
multas e mais contraordenações: pagar por poluir, em vez de evitar a poluição; vigiar e penalizar o cidadão;
redobrar as obrigações de controlar, fiscalizar e multar, em vez de investir em prevenir a poluição. Penalizar,
proibir, multar não resolvem os problemas ambientais; podem aumentar as receitas das coimas, mas não
acabam com o problema.
Se há hábitos que têm de ser mudados — e eles são evidentes —, então, que se intervenha na alteração
dos comportamentos, de forma a evitar que as pontas de cigarro vão para o chão, em vez de se arrecadar
dinheiro em multas, enquanto as beatas continuam a ter o mesmo destino; dê-se prioridade à ação educativa e