14 DE JUNHO DE 2019
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção é do Grupo Parlamentar de Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não há dúvida de que as
pontas de cigarro constituem um resíduo que muitas vezes é lançado em meio livre, tem impacto ambiental e
necessita, por isso, de ter um destino.
Não há dúvida também, como já foi, de resto, aqui referido, de que há várias autarquias que, estando
sensibilizadas para esta questão, têm já tomado algumas medidas que não devem ser descuradas, devendo ser
tidas em conta.
Relativamente ao projeto que aqui nos é apresentado, julgo que há fundamentalmente três vertentes que
devem ser salientadas. A primeira é a questão da sensibilização dos cidadãos: campanhas de informação,
campanhas de formação dos cidadãos relativamente ao impacto que estas pontas de cigarro podem ter.
Uma segunda vertente prende-se com a disponibilização recorrente, digamos assim, de recipientes, vulgo
cinzeiros, onde os cidadãos possam depositar essas pontas de cigarro. É verdade que, designadamente em
muitos locais públicos, esses recipientes não existem e, portanto, os cidadãos fumadores acabam por deitar as
pontas de cigarro para o chão.
Por outro lado, uma terceira vertente deste projeto prende-se com a questão da punição, das coimas
atribuídas a quem lançar uma ponta de cigarro para o chão. Relativamente a esta questão da punição e das
coimas, não há dúvida de que, nesta Casa, o PAN concorre com o CDS nesta matéria: não há projeto que não
tenha uma coima para o cidadão, uma punição relativamente a um determinado comportamento.
Mas o PAN, no preâmbulo que faz neste projeto de lei, dá uma resposta, digamos assim, em duas fases:
supostamente, numa primeira fase, haveria a sensibilização e disponibilização de recipientes, coisas com as
quais Os Verdes concordam absolutamente; numa segunda fase, haveria a questão da punição e das coimas
para os cidadãos. Ocorre que, depois, no articulado, o PAN não faz essa diferenciação e aquilo que acontece é
que põe tudo numa primeira fase, o que nos leva a crer que a questão da punição e das coimas é, de facto, uma
prioridade para o PAN.
Não vamos, obviamente, inviabilizar este projeto na votação na generalidade, mas gostávamos de sublinhar
o facto de se dever tomar como prioridade a questão da sensibilização dos cidadãos e da disponibilização de
recipientes. Não precisamos de multar as pessoas para que elas tenham comportamentos corretos, aliás, acho
que já temos exemplos, em Portugal, relativamente a essa questão. Por exemplo, no que se refere aos
ecopontos, à triagem dos resíduos em casa para, depois, as pessoas fazerem a diferenciação na sua deposição,
não precisamos de multar os cidadãos para que eles tenham um comportamento regular e correto.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O que é que é fundamental? É sensibilizar os cidadãos para que
essa triagem seja feita, para que os resíduos tenham um encaminhamento correto e, por outro lado,
disponibilizar os recipientes e os contentores em proximidade dos cidadãos, para que essa deposição possa ser
feita. Portanto, não precisamos de andar num estado policial, sempre a punir, sempre com coimas brutais.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — De facto, temos de passar a uma visão mais ecologista da
questão…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, queira terminar, se fizer favor.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino mesmo, Sr. Presidente.
E essa visão mais ecologista passa, efetivamente, pela sensibilização, pela educação e pela disponibilização
de soluções.
Muito obrigada pela tolerância, Sr. Presidente.