I SÉRIE — NÚMERO 97
38
O seu Governo e a solução política que iniciámos em 2015 fizeram várias escolhas contra estas regras e,
por isso mesmo, na altura, até fomos ameaçados pela Comissão Europeia com sanções.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Bem lembrado!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — A conclusão que o Governo tira é que estava errado quando tomou todas estas
decisões, considerando a proximidade que tem, ultimamente, com Emmanuel Macron?
A terceira pergunta é sobre o próximo quadro financeiro plurianual, no sentido de saber se o Sr. Primeiro-
Ministro, agora um dos nomes fortes nos corredores de Bruxelas, vai procurar, efetivamente, uma solução que
reverta a perda de fundos que estava prevista.
Já tivemos várias oportunidades de falar sobre a alteração das prioridades que estão no quadro financeiro
plurianual e, portanto, a pergunta que fica é se, em nome da guerra dos tronos de Bruxelas e dos arranjos entre
famílias políticas, o Sr. Primeiro-Ministro vai aceitar desviar o dinheiro da solidariedade e da coesão para
políticas militaristas e aceitar um acordo mau para Portugal.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados, Sr. Primeiro-Ministro: Ouvi-o com atenção e, embora balizando nas chamadas três dimensões que
considerou que iria ser o Conselho Europeu, procurou e fez um esforço — realço — de percorrer alguns temas
que considero importantes, não só do ponto de vista nacional, mas também do ponto de vista da União Europeia:
a questão das alterações climáticas e a forma de lhes dar uma resposta global, que também e, sobretudo, a
União Europeia pode dar; a questão das migrações, que, diria, é um dos maiores símbolos do que tem sido o
falhanço da União Europeia enquanto tal, nomeadamente, do ponto de vista daquilo que é um princípio
estruturante da União Europeia, o princípio da solidariedade.
Já agora, e num aparte, é preciso distinguir — e sei que o Sr. Primeiro-Ministro sabe isso, não é, obviamente,
um recado para o Sr. Primeiro-Ministro — refugiados em situação de imigração ilegal, o apoio aos refugiados e
o que é, ou não, apoio à imigração ilegal, e, nesse sentido, faz bem o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros
em apoiar, em qualquer circunstância, qualquer cidadão português que se encontre acusado pela justiça.
Tenhamos a noção que estamos no âmbito da União Europeia e que isso tem direitos mas também tem
deveres e Itália é, desde logo, um Estado de direito democrático, uma democracia, por isso mesmo um país
amigo de Portugal, e seguramente que respeitamos o seu princípio judicial. Isto é um aparte para lhe dizer, Sr.
Primeiro-Ministro, que a sua resposta de há pouco foi para nós convincente e parece-nos, aliás, do mais
elementar bom-senso.
O Sr. Primeiro-Ministro também falou de outras questões que eu gostaria mesmo que fossem matéria e objeto
deste Conselho Europeu, mas permita-me que lhe diga que temo que nada disto vá ser realmente discutido.
Permita-me, talvez, algum pessimismo excessivo, algum pessimismo irritante, mas creio bem que a primeira,
segunda e terceira dimensões serão as questões institucionais, para não dizer que não é mais do que um
eufemismo para a questão das cadeiras.
Sr. Primeiro-Ministro, estou a dizer isto com alguma leveza, mas, naturalmente, com preocupação, porquanto
é precisamente isto que faz com que os cidadãos europeus se afastem da Europa, é precisamente isto que faz
com que, em muitas circunstâncias, estejamos todos a lamentarmo-nos do alto grau de abstenção.
A minha questão em relação a isto é simples. Independentemente da maior ou menor simpatia que possamos
ter em relação ao candidato, do maior ou menor reconhecimento e até das maiores ou menores razões de queixa
que possamos ter do que foi o seu passado na defesa de alguns interesses coincidentes ou não com os nossos
interesses, a verdade é que há tratados, normas — não lhes chamaria tradições, porque são recentes —, mas
estamos balizados numa lógica tendo em conta os resultados eleitorais.
É verdade que tal não é vinculativo, é indicativo, mas não é menos verdade que essa foi uma disposição que
foi alterada no sentido de aproximar os cidadãos da União Europeia, fazendo com que quando fossem votar