I SÉRIE — NÚMERO 100
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Portanto, trata-se do reconhecimento de uma valorização que há muito era pedida. No entanto, e apesar do
que já se avançou, é uma luta que ainda tem caminho para percorrer.
E o que falta é, exatamente, o fim do corte provocado pelo fator de sustentabilidade para estes trabalhadores.
Já aqui dissemos que as profissões de desgaste rápido têm uma idade específica de reforma, ou seja, não
estamos aqui a tratar de antecipações da idade legal da reforma e, portanto, as penalizações são ainda entraves
absolutamente injustificáveis, pelo que não tem qualquer sentido estas pessoas continuarem a sofrer o corte do
fator de sustentabilidade.
Falamos, nestes casos, de uma dupla penalização, que é injusta e injustificada. E em muitos casos falamos
de menos 100 €, que fazem toda a diferença para estas pessoas, quando têm finalmente um trabalho que foi
reconhecido como sendo de desgaste rápido. Falta agora reconhecer isso mesmo na altura de terem acesso à
reforma.
Sr. Ministro, a pergunta é muito concreta: ficou inscrito no Orçamento do Estado para 2019, em relação ao
fim do corte do fator de sustentabilidade, que iria ser avaliada ainda, e cito, «a compatibilização do novo regime
com regimes específicos de acesso às pensões». Ou seja, foi-lhes criada uma expectativa relativamente aos
regimes dos trabalhadores com profissões de desgaste rápido.
Aquilo que importa clarificar neste debate, também sobre estes trabalhadores, é quando prevê o Governo
acabar com esta incoerência, com esta injustiça em relação a trabalhadores que já foram tão injustiçados durante
toda a vida e que agora tiveram a legítima expectativa de que daqui a poucos dias, final do mês de junho, esta
situação estivesse já regulamentada ou já houvesse alguma iniciativa legislativa.
A pergunta é muito concreta: quando é que o Governo vai apresentar o fim do corte de sustentabilidade para
estas profissões?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do PSD.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, hoje, o
Bloco de Esquerda agendou este debate para dar um «puxão de orelhas» ao Governo pelo falhanço na
governação,…
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Já não temos idade para isso!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — … «puxão de orelhas» também já dado na semana passada pelo
PCP, que veio aqui agendar um debate para falarmos sobre o caos nos serviços públicos.
É bom que se diga que estes agendamentos não isentam o Bloco de Esquerda nem o PCP da
responsabilidade por esta governação,…
Aplausos do PSD.
Protestos do BE.
… porque foi sempre com o aval do Partido Socialista, mas também do Bloco de Esquerda e do PCP, que o
Governo andou quatro anos a governar à vista.
O PSD chamou várias vezes a atenção para a falta de prudência e de sensatez com que estavam a ser
adotadas determinadas políticas, mas foi sempre garantido pelo Governo que não havia qualquer impacto na
Administração Pública, e refiro-me à reversão para as 35 horas de trabalho.
Agora, depois de quatro anos a negar o óbvio, o Governo, porque é época eleitoral, vem reconhecer que
falhou e que, evidentemente, menos horas exigem mais trabalhadores e, portanto, promete contratar mais
funcionários públicos, no futuro. Já vimos este «filme», Srs. Deputados: promessas antes das eleições e, depois,
cortes a seguir às eleições!