27 DE JUNHO DE 2019
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Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Deve estar a falar do subsídio de férias!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — É importante que se diga que houve falta de prudência na adoção
de determinadas políticas, porque, Sr. Ministro, o que se exige ao Governo é que dê respostas aos portugueses.
E o que se está a passar na segurança social é tudo menos garantir uma vida digna de trabalho. Falamos desde
há muito tempo nesta situação — aliás, ainda hoje de manhã, tivemos oportunidade de falar sobre isso. O atraso
no pagamento das pensões de reforma é tudo menos respeitar uma vida digna de trabalho, é tudo menos
respeitar os direitos fundamentais dos trabalhadores que tiveram anos, tiveram uma vida inteira de trabalho a
contribuir e que agora não recebem aquilo a que têm direito.
E não se trata apenas do atraso no pagamento das pensões de reforma, é também de outras pensões. Aliás,
o próprio relatório da Provedoria de Justiça chama bem a atenção para o caso das pensões de sobrevivência.
Segundo o mesmo relatório, há agregados familiares que perdem o único elemento que contribuía com os seus
rendimentos para o sustento daquele agregado, e às vezes com filhos menores, e mesmo esses não têm a
pensão de sobrevivência paga a tempo e horas, fazendo com que vivam uma vida com muitas dificuldades, quer
a família, quer as pessoas que lhes estão próximas, que muitas vezes têm de ser elas a ajudar. É isto mesmo
que diz o relatório.
Mais, Sr. Ministro, e as palavras não são minhas: o relatório diz que, para além destas situações, existem
outras que apresentam contornos ainda mais graves, revestidos de alguma perversidade. E isto porquê? Porque
o Estado não só paga tardiamente o valor das pensões, como não paga juros e faz uma tributação injusta em
sede de IRS. Os rendimentos que são referentes ao passado são tributados como se fossem daquele ano. Isto
provoca o quê? Uma tremenda injustiça social, porque esta tributação vai levar a que aquilo que os trabalhadores
tinham e têm direito seja inferior aos valores que lhes são devidos.
Por isso, Sr. Ministro, peço que responda aos pensionistas como chegámos a esta situação, e não vale a
pena atirar para o passado, porque não é falando do passado que se resolvem os problemas. O Governo está
há quatro anos em funções e lembro que de 2017 para 2018 os atrasos aumentaram em mais de 300%.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Portanto, Sr. Ministro, apesar de dizer que os recursos já eram
superiores à procura, a verdade é que à pergunta que lhe fiz, hoje de manhã, muito diretamente, sobre se
garantia aos pensionistas que até ao final deste mês, conforme se tinha comprometido, se bem se recorda, a
sua situação estaria regularizada, infelizmente, o Sr. Ministro não foi capaz de responder.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia, do Grupo Parlamentar do CDS-
PP.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados, Sr. Ministro, assistimos aqui, neste momento, a uma listagem, já um pouco campanha, daquilo que
foi a trajetória da implementação por este Governo de várias medidas na área social.
A primeira coisa que é preciso dizer — e creio que era importante também ouvir esse reconhecimento por
parte do Governo — é que há aqui uma constante, que é transversal ao Governo em várias áreas, mas que na
segurança social foi manifestamente grave e com consequências muitas vezes dramáticas para muitos
cidadãos: é que esta maioria e o Governo, primeiro, anunciam e prometem medidas e, depois, pensam e
procuram preparar a sua implementação.
Primeiro, anuncia-se o fim das taxas moderadoras, depois pensa-se que afinal, se calhar, elas não são
convenientes, têm de estudar melhor o assunto e, afinal, não será logo, será de forma gradual.
Primeiro, anunciam-se prestações sociais, mas depois dá-se conta de que o sistema não está preparado
para as implementar.