3 DE JULHO DE 2019
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O Sr. José Moura Soeiro (BE): — O Sr. Deputado António Carlos Monteiro disse que os acordos de
concertação são sempre um encontro de vontades. Pois é! Neste processo de especialidade e sobre estas
medidas, em particular, tem havido um encontro de vontades entre a posição do Governo, a posição dos patrões,
a posição do PSD e a posição do CDS.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — E, já agora, dos sindicatos!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — É um desrespeito pela UGT!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Têm-se encontrado para aprovar estas medidas.
A quem, como o Sr. Deputado, que esteve no processo de audições sempre a dizer que esta medida podia
ser inconstitucional, que era preciso pensar num plano B — e quem quer pensar num plano B teme pelo seu
plano A, que é a aprovação destas medidas — e que está agora a «atirar para canto» este debate importante,
o que dizemos é que medidas como esta, que fazem a delícia de quem acha que salários baixos, que a ausência
de direitos e que o abuso deve ser o padrão do mundo do trabalho em Portugal, podem fazer a delícia de que
tem essa perspetiva, mas devem merecer a oposição de quem luta pela dignidade de quem trabalha, pela
valorização dos trabalhadores e pelo combate à precariedade.
É esse o nosso compromisso!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Com esta intervenção do Sr. Deputado José Soeiro,
terminaram as declarações políticas.
Agora, ao abrigo do n.º 2 do artigo 76.º do Regimento, teremos quatro intervenções políticas, a saber, do Sr.
Deputado Pedro Mota Soares, da Sr.ª Deputada Margarida Mano, da Sr.ª Deputada Ângela Guerra e do Sr.
Deputado Fernando Jesus.
Por isso mesmo, dou agora a palavra, em primeiro lugar, ao Sr. Deputado Luís Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Passei 10 dos meus últimos
15 anos ao serviço do Parlamento.
Não obstante as inúmeras vezes que cá vim, quando desempenhei as funções de Ministro da Solidariedade,
Emprego e Segurança Social, o tempo em que cá estive, como Deputado, foi na oposição.
Trabalhei muito, resisti muito e sinto, também, sem modéstias, que alcancei muito, sempre em prol de
Portugal, numa visão que considero ser aquela que melhor o serve, ainda que, naturalmente, outros dela
discordem. E este ponto leva-me ao valor maior que aprendi nesta Assembleia e que vou sentindo estar a ser
esquecido: o valor do compromisso. É nesta Casa, onde se expõem e se debatem as diferenças — que são a
essência das democracias —, que também se podem alcançar os compromissos. A Casa do debate também
pode ser a Casa do diálogo.
Adelino Amaro da Costa, numa frase muito citada, mas nem sempre compreendida, dizia que «um moderado
se serve do compromisso para evitar a rutura». E evitar ruturas vai ser, em si mesmo, um desígnio nacional.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — É fácil perceber isso, quando se encontram grandes Deputados, de
todos os grupos parlamentares, sem exceção. Só para citar alguns líderes parlamentares com quem trabalhei
— e, assim, tentar não ferir qualquer suscetibilidade —, lembro-me de José Pedro Aguiar Branco, do PSD, de
António José Seguro, do Partido Socialista, de Bernardino Soares, do Partido Comunista Português, ou de Luís
Fazenda, do Bloco de Esquerda. E, claro, aquele que, para mim, foi o mais inspirador, Paulo Portas, do meu
próprio partido.
Aplausos do CDS-PP.