4 DE JULHO DE 2019
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assumiu maior relevo no seguimento dos processos de privatização, segmentação e liberalização do setor
energético concretizados por sucessivos Governos do PS, PSD e CDS.
Em 2011, no âmbito do programa da troica, o Governo PSD/CDS impôs um agravamento da taxa do IVA da
eletricidade e do gás natural, de 6% para 23%…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — … dando mais uma machadada no objetivo de redução do custo da energia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Uma vergonha!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Esta foi uma medida extremamente penalizadora, quer para as famílias,
principalmente as de mais baixos rendimentos, quer para a economia nacional.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Já baixaram?!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Os dramáticos problemas sociais que o aumento da taxa do IVA na energia
provocou e as consequências negativas desses mesmos aumentos na estrutura de custos e na competitividade
de milhares de micro, pequenas e médias empresas em Portugal exigiam a reversão desta medida.
Mas todas as propostas do PCP nesse sentido — e foram muitas — foram rejeitadas pelo PSD e pelo CDS,
mas também pelo PS. E, no último Orçamento do Estado para 2019, apresentámos uma proposta para redução
da taxa do IVA para 6% que a Presidente da Comissão de Orçamento e Finanças não deixou votar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A nova fase da vida política nacional, iniciada após
as eleições legislativas de 2015, permitiu a reversão de muitas medidas gravosas do anterior Governo PSD/CDS
e a conquista de novos direitos.
Mas, por resistência do PS e do seu Governo, não foi ainda possível reverter totalmente a medida de
agravamento da taxa de IVA da eletricidade. No Orçamento do Estado para 2019, com o contributo decisivo do
PCP, foi assegurada uma redução dos custos da energia elétrica e do gás natural, através da afetação de verbas
resultantes da contribuição extraordinária sobre o setor energético, em conjugação com a redução do IVA para
os contadores de luz e gás com potência mínima.
Esta é uma medida que, naturalmente, o PCP valoriza, porque contribui para a redução dos custos com a
energia elétrica e gás natural, mas fica aquém, muito aquém daquilo que o PCP vem defendendo, que é a
reposição da taxa de IVA nos 6%.
Assim, o PCP acompanhará a proposta de lei da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira,
de redução do IVA da eletricidade.
Sabemos que esta medida tem um impacto orçamental relevante, mas entendemos que a prioridade deve
ser a resolução dos problemas das pessoas e do País e não, como têm sido a opção do PS e do seu Governo,
secundados pelo PSD e pelo CDS, a redução acelerada do défice orçamental, o qual, de acordo com os mais
recentes dados, já não é défice, mas sim excedente.
A grande questão no momento atual é a de avançar e não a de andar para trás — …
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — … avançar na reposição e conquista de direitos; avançar na resposta aos
problemas dos trabalhadores e do povo; reduzir o IVA da eletricidade para 6%.
Reverter integralmente a gravosa medida do anterior Governo PSD/CDS é uma medida justa, necessária e
possível. A sua concretização contribuirá para a melhoria das condições de vida das populações, assim como
se traduzirá num fator de crescimento da economia e do emprego.
Por isso, amanhã, o PCP votará favoravelmente a redução do IVA da eletricidade.