I SÉRIE — NÚMERO 105
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O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Ah!…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Cá estaremos para o fazer, mas não nos demovemos desse objetivo
primordial, que é o de garantir a fiscalização dos políticos e dos altos cargos públicos, apesar de outros, como
é o caso do CDS, se quererem demitir desta matéria.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
Para terminar, Sr. Presidente, relativamente à questão da nomeação de pessoas para os altos cargos
políticos, gabinetes, etc., sabemos que a proposta que o PS apresenta é para correr atrás do prejuízo das suas
próprias escolhas e que, se o código de conduta do Governo tivesse tido estas preocupações, porventura esta
iniciativa legislativa não teria lugar. Da nossa parte, não vamos ficar no debate da forma, queremos ir mesmo
ao debate do conteúdo.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Para concluir, Sr. Presidente, estamos disponíveis para, na
especialidade, garantir que teremos como resultado uma boa lei, apesar de sabermos que a motivação para a
sua apresentação é a corrida atrás de um prejuízo que nos parece já estar para lá de qualquer remendo.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado, do
PCP.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Discutimos hoje, na 25.ª hora, um novo
conjunto de iniciativas legislativas do chamado «pacote da transparência» que, no caso em concreto, nada
contribui para o fim a que se propõe.
Queria destacar dois conjuntos de iniciativas, sendo o primeiro relativamente à chamada «entidade da
transparência». O PCP sempre manifestou dúvidas e criticou a criação desta polícia dos políticos, que, à partida,
é algo que tem tudo para dar errado. Não venham depois dizer que ninguém os avisou!
Importa referir que os titulares de altos cargos públicos e políticos já são escrutinados, fiscalizados nas suas
obrigações declarativas, por via do Ministério Público, junto do Tribunal Constitucional. Criar esta entidade que
visa, exclusivamente, fiscalizar altos cargos públicos e políticos é um erro, porque anima o preconceito contra
toda a classe política.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — É verdade!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O próprio Tribunal Constitucional, na audição realizada na 1.ª Comissão,
demoliu a ideia da criação desta entidade da transparência, e não foi só tratado o problema das instalações e
dos recursos humanos. O que está em causa é o problema da descaracterização do próprio Tribunal
Constitucional e isso foi claramente referido na audição da 1.ª Comissão.
Por fim, queremos salientar que PS, PSD e BE criam esta entidade, mas, ao mesmo tempo, encharcam-na
com milhares de obrigações declarativas, aumentam significativamente o número de pessoas com obrigações
declarativas, o que, na prática, significa que a fiscalização será uma miragem, porque não haverá condições
para acompanhar tantas e tantas obrigações declarativas que foram deliberadamente introduzidas nesta
entidade.
O segundo conjunto de iniciativas que queremos abordar diz respeito ao chamado «código de conduta dos
Deputados». A primeira questão é que este código de conduta estabelece um conjunto de normas e de
obrigações, mas depois não tem nenhuma aplicação efetiva. Utilizaria, a este respeito, uma expressão muito
popular na minha terra, que é a seguinte: e quê?! Os Deputados não cumprem o código de conduta, e quê? O
que é que acontece? Nada, absolutamente. Zero!