6 DE JULHO DE 2019
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Foi para responder a essa realidade e defendendo que o Estado não se pode descartar das suas
responsabilidades que o PCP apresentou o seu projeto de lei, defendendo políticas que promovam uma
estratégia de desenvolvimento e consolidação de resposta de serviços públicos, e um conjunto de propostas
que visavam promover a conciliação da prestação de cuidados com a atividade laboral.
Foi também para responder a essa realidade que o PCP apresentou em Orçamento do Estado uma proposta,
que encontra também reflexo neste diploma, para a implementação de projetos piloto, de forma a concretizar
uma rede pública de apoio dirigida aos cuidadores informais, desenvolvida com base dos serviços públicos,
garantindo o apoio domiciliário e o aconselhamento, o acompanhamento e a capacitação dos cuidadores
informais, o apoio psicossocial, além de uma rede integrada de apoio em todo o território.
Foi também para responder a essa realidade que o PCP se empenhou na construção deste diploma que hoje
aprovámos e que resulta de uma árduo trabalho feito na especialidade. Embora não tenha ido tão longe quanto
defendemos e propusemos, seja no que se refere à rede pública de apoio aos cuidadores informais ou no reforço
da proteção laboral e social dos cuidadores informais, este diploma representa avanços importantes face à
realidade atual.
A intervenção do PCP permitiu ainda garantir a continuidade dos cuidados ou a existência de uma unidade
de apoio ao cuidador, assegurando elos de ligação e pontos de referência para o cuidador informal. Não
podemos, ainda assim, deixar de registar a nossa preocupação com algumas das medidas aprovadas, que
resultam também do consenso possível, designadamente, no que toca à abrangência e à aplicação das mesmas
ou a uma eventual sobreposição e anulação de prestação sociais, considerando a condição de recursos.
Tivessem sido consideradas e aprovadas as propostas do PCP e teria sido possível ultrapassar esses
problemas.
Não obstante, neste momento importa valorizar o passo que foi dado, importa valorizar o que foi aprovado e
garantir que o que foi aprovado seja uma realidade na vida dos cuidadores informais e das pessoas cuidadas,
na vigência dos projetos-piloto mas também depois dos mesmos.
O PCP continuará a acompanhar a realidade dos cuidadores informais e das pessoas cuidadas, o
cumprimento dos seus direitos e a concretização do que hoje aprovámos nesta Casa.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, igualmente para uma declaração de voto sobre a mesma
matéria, o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia, do CDS.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje, é seguramente
um dia histórico, também pela aprovação deste Estatuto do Cuidador Informal. Se olharmos para os últimos
quatro anos, verificamos que esta é uma medida que atravessou toda Legislatura.
No início da Legislatura, o CDS foi o primeiro partido a agendar esta matéria, aqui, na Assembleia da
República, e a pedir uma aprovação que entendíamos que devia ser dada pela mão do Governo. A verdade é
que, passou a Legislatura, percebemos que o Governo tardava em apresentar uma proposta satisfatória a este
nível e isso levou a que tivéssemos de fazer um trabalho parlamentar realmente abrangente e, depois de ouvir
muitas entidades, muitas pessoas, conseguiu-se alcançar um acordo.
Para nós, CDS, esta é claramente uma matéria prioritária e o diploma que foi aqui aprovado não é ainda o
diploma desejável. Entendemos ter uma proposta melhor para esta situação, mas a verdade é que, como em
muitas situações, temos de nos contentar com os consensos possíveis.
Agora, sabemos bem o seguinte: aprovámos um diploma, mas esse diploma carece de desenvolvimento e
de regulamentação. Por proposta da maioria que sustenta este Governo, a regulamentação passou de 60 para
120 dias, ou seja, na prática, a regulamentação desta matéria foi remetida para o próximo governo.
No entender do CDS é muito claro que, se o Parlamento fez o seu trabalho, agora, chegados à altura da
regulamentação, o Governo tem de assumir aquilo que tem de fazer e parece-nos evidente que um Governo
que não foi rápido, pelo contrário, a implementar esta medida, certamente não será rápido, nem satisfatório,
nem suficientemente conveniente, na abordagem à regulamentação desta matéria.
Por isso, é naturalmente com expectativa que olhamos para uma mudança que possa ocorrer no Governo e
que possa trazer também melhorias aos cuidadores informais.