I SÉRIE — NÚMERO 107
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Todavia, é o Sr. Primeiro-Ministro quem acabou de o reconhecer, o Governo falhou nas áreas em que os
acordos foram menos concretos, no investimento público para recuperar os serviços públicos.
Protestos do Deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.
Onde o nosso acordo não deixou objetivos claros e quantificáveis, o Governo manteve a mesma lógica
restritiva que empobreceu o País. A saúde e os transportes são talvez a face mais visível desse erro.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Em vez de aproveitar o crescimento económico para fortalecer o País, o
Governo escolheu agravar o défice dos serviços públicos para que Mário Centeno brilhasse em corridas de
défice para Bruxelas ver.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
Protestos do Deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Ter um presidente do Eurogrupo é fraco consolo para quem fica horas à
espera do comboio ou do barco ou para quem espera demasiados meses por uma consulta.
O Sr. Jorge Costa (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Esse défice, que é um défice de investimento público e de serviços públicos
degradados, é o maior problema ao qual temos de responder e é o grande desafio da próxima Legislatura.
Aplausos do BE.
Com esta questão está relacionado um outro dossier ainda aberto nesta Legislatura, o da Lei de Bases da
Saúde. O Sr. Primeiro-Ministro conhece a nossa posição. Esteja o Governo disponível para travar a
promiscuidade entre público e privado, que tem enfraquecido o SNS, e o Bloco cá está para uma Lei de Bases
da Saúde que salve o Serviço Nacional de Saúde.
O PS já disse tudo e o seu contrário. Até foi negociar com quem nunca quis o SNS e até se opôs ao seu
desenvolvimento. Aqui chegados, o Bloco de Esquerda não muda de posição.
O Sr. Sérgio Sousa Pinto (PS): — Ah!…
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — E a pergunta que lhe faço, Sr. Primeiro-Ministro, é muito simples: vamos a
tempo de aprovar uma nova lei de bases para proteger o Serviço Nacional de Saúde ou o Governo quer tanto
fazer novas PPP (parcerias público-privadas) que prefere manter as leis da direita?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, há um ponto em que estamos
de acordo: se estivéssemos em 2015 eu voltaria a assinar a mesma posição. Só com uma pequena diferença:
não estando em 2015, eu também voltaria a tomar a mesma decisão.
E voltaria a tomar a mesma decisão pela simples razão de que a mesma provou ser boa e os resultados são
bons, e são-no no seu conjunto. Creio que a pior coisa que podíamos fazer era esse jogo de entender que tudo
o que é bom dependeu de cada um de nós e que tudo o que é mau ficou a dever-se aos outros.