I SÉRIE — NÚMERO 107
54
O País precisa de uma política capaz de assegurar um novo rumo para a justiça, que se quer mais igualitária,
acessível e próxima dos cidadãos e de firme combate à corrupção e à criminalidade económica e financeira.
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: É nossa profunda
convicção de que Portugal não está condenado ao atraso. O PCP tem soluções para os problemas nacionais.
Tal como foi decisiva a sua intervenção nestes últimos quatro anos para fazer avançar o País, assim continua
com a mesma determinação para construir o futuro.
Eu disse, no início deste debate, que nestes quase quatro anos se recuperou a esperança no futuro. Que
essa esperança não fique à espera. Nós lutaremos por isso!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Visto que a Mesa não regista inscrições para pedidos de
esclarecimento ao Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, passamos à intervenção seguinte, pelo que dou, desde já,
a palavra à Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista «Os Verdes».
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Membros do
Governo, Sr.as e Srs. Deputados: No pouco tempo que resta a Os Verdes neste debate, gostaria de salientar
três questões que, na nossa perspetiva, são absolutamente estruturais e que requerem uma intervenção
determinante em termos políticos.
Uma prende-se com o combate às assimetrias regionais e com a promoção da coesão territorial. Nós
podemos promover muitos incentivos fiscais, e eles são importantes para puxar gente e dinâmica económica
para o interior. Contudo, temos de ter consciência de que, se o interior do País continuar esvaziado de serviços
públicos na área da saúde, na área da educação e, designadamente, na área dos transportes, com dificuldade
de mobilidade, então será, de facto, muito difícil criar essa dinâmica económica e de maior número de população
no interior do País.
Sr. Primeiro-Ministro, em nome de Os Verdes, queria também dizer que, nesta Legislatura, se perdeu uma
oportunidade para se promover a regionalização neste País, determinante para garantir a coesão territorial, e
havia condições para que isso pudesse ter acontecido.
Outro desafio prende-se com o combate às alterações climáticas. Se é fundamental um processo de
adaptação, em que trabalhámos tanto nesta Legislatura, por exemplo relativamente à matéria da floresta, no
sentido de tornar a nossa floresta mais resistente para a adaptação a este fenómeno, é determinante a
perspetiva do combate às alterações climáticas. E também aqui o setor dos transportes é decisivo, como é
decisivo fazer com que, designadamente, nos seus movimentos pendulares, os cidadãos larguem o transporte
individual e utilizem o transporte coletivo. Foi muito importante a medida da redução do preço dos passes sociais,
mas sem uma boa rede de transportes públicos, sem um investimento sério e atempado nessa área, não se
consegue promover essa dinâmica de mobilização para a utilização do transporte público.
Um terceiro desafio prende-se com o combate à pobreza. Temos de ter consciência de que a política de
rendimentos é determinante para encarar este desafio. São precisos melhores salários. Temos ainda muitos
trabalhadores em Portugal que empobrecem trabalhando assim como temos ainda uma desigualdade salarial
muito grande e crescente, ao que parece, Sr. Primeiro-Ministro, entre mulheres e homens. É uma questão que
temos de atacar.
Temos ainda muitos jovens a abandonar o ensino, designadamente o ensino superior, ou até a não
concluírem o 12.º ano, porque têm de ingressar no mercado de trabalho, tendo em conta as poucas condições
de rendimento das suas famílias.
Esta é, de facto, uma situação inadmissível e de grande desigualdade que o País tem de combater.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr. Presidente.
É preciso ambição na governação, é preciso mais investimento e não uma submissão cega aos ditames da
União Europeia e tenho a certeza de que os portugueses, em geral, trocariam umas décimas de défice por um
investimento que resolvesse os seus problemas.