20 DE JULHO DE 2019
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neste Relatório Anual de Segurança Interna têm aumentos que, nalguns casos, são muitíssimo significativos.
Estou a pensar, por exemplo, nos homicídios, em que o aumento é «só» de 34,1%.
Que leitura fazemos disto? Que leitura o Governo faz disto? Que tipo de resposta é que o Governo tem?
Enfim, isso não sabemos e talvez fosse útil sabermos e compreendermos.
Este enorme aumento do número de homicídios tem uma referência, que é a de que muitos deles estarão,
potencialmente, envolvidos num contexto familiar, o que não deixa de ser contraditório com a suposta diminuição
do crime de violência doméstica. Há aqui uma contradição: o homicídio aumenta imenso e, supostamente, a
violência doméstica diminui. Isto não faz muito sentido.
Por outro lado, este Relatório dá-nos também sinal claro de um falhanço, para o qual o CDS tem vindo a
alertar. O CDS fez propostas, assim como o Governo fez, algumas delas absurdas: desde os drones para
controlar as autoestradas, ao controlo de sinal de telemóvel para diminuir a sinistralidade rodoviária que, ano
após ano, tem vindo a aumentar sem que, por exemplo, na Brigada de Trânsito, se adotem outras soluções e
sem que o Governo tenha também uma resposta para isso. Regista-se mais 2,3% do que no ano anterior, mais
quase 2% neste ano.
Existem outras matérias, como a violência no desporto, para a qual foi criada uma comissão, mas de que
não temos resposta. Destaco também a sinalização de ameaças graves como o aumento do cibercrime ou, até,
do terrorismo, nomeadamente o relacionado com efeito de regresso dos que estiveram em zonas de conflito,
em relação ao qual o CDS também apresentou várias propostas, sendo que algumas delas não tiveram
acolhimento do Governo, da maioria e desta Câmara.
Este Relatório também nos alerta para alguns fenómenos preocupantes, de radicalização e de extremismos,
de um lado e de outro, com reflexo na sociedade portuguesa e, em relação aos quais, é importante ter uma
leitura.
A terminar, Sr. Presidente, queria dizer que, se os números da segurança são globalmente positivos, há outra
contradição essencial e para a qual o CDS tem alertado ao longo destes quatro anos. Fica muito bem a alguns
partidos dizerem aqui «estamos do lado das forças de segurança», mas onde é que esteve esse lado?
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente.
Esse lado esteve, ano após anos, nos Orçamentos que foram votados e que a maioria aprovou e que fazem
com que tenhamos hoje o número mais baixo de sempre…
O Sr. Jorge Machado (PCP): — E onde esteve o CDS?!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … de elementos da PSP sem subsídio de risco.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir,
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente, mostrando um título de uma notícia de hoje que
é Computadores velhos da PSP sem acesso a base de dados». Esta é a realidade e as forças de segurança
fazem milagres para garantir um país seguro.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, não dispõe de 4 minutos, mas de 3!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Este é um país onde o Governo não faz o que devia ter feito!
Aplausos do CDS-PP e do Deputado do PSD Luís Marques Guedes.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra a Sr.ª Secretária de Estado Adjunta e da
Administração Interna, Isabel Oneto.