I SÉRIE — NÚMERO 109
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específicas de natureza jurisdicional e do Ministério Público, no exercício das suas funções e competências
processuais.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.»
Srs. Deputados, vamos, agora, passar ao segundo ponto da nossa agenda, que consta de declarações
políticas.
Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Numa altura em que os
portugueses estão prestes a fazer escolhas sobre a composição da Assembleia da República, Os Verdes
consideram relevante constatar que, nesta Legislatura, se promoveram avanços, para os quais o Partido
Ecologista «Os Verdes» foi determinante, avanços esses que puseram termo a uma política prosseguida por
anteriores Governos, incluindo do PS, mas sobretudo pelo anterior Governo do PSD/CDS, política essa que
determinava que o empobrecimento dos portugueses era condição para que o País melhorasse e que apostava
no desinvestimento em setores muito importantes.
Provou-se nesta Legislatura que a inevitabilidade é uma mentira contada à medida dos interesses políticos
e que o que é preciso é fazer opções políticas para que os cidadãos sejam respeitados e tenham melhores
condições de vida.
Por isso, o Partido Ecologista «Os Verdes» contribuiu para que se repusessem e aumentassem rendimentos
cortados pelo Governo PSD/CDS e se dessem passos para combater a pobreza e o desemprego. Mas o Partido
Ecologista «Os Verdes» não deixou de fora da posição conjunta, assinada com o PS — e o PS aceitou-o, porque
precisava de nós —, um conjunto de medidas determinantes para garantir melhores condições de
desenvolvimento sustentável e melhores padrões ambientais.
A título de exemplo, para o necessário processo de mitigação e de adaptação às alterações climáticas, Os
Verdes exigiram a alteração de paradigma em duas áreas fulcrais e estruturais: floresta e transportes públicos.
No setor dos transportes, para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa, para garantir uma maior
ligação no território e também o direito à mobilidade das populações, exigimos que se abandonasse uma política
de encerramento de linhas ferroviárias e que se planeasse e concretizasse o investimento há tanto abandonado
na ferrovia. É um trabalho que importa garantir e intensificar e que o Partido Ecologista «Os Verdes» considera
ser uma prioridade, exigindo o investimento em linhas como as do Douro, do Oeste, de Cascais ou do Alentejo.
A melhoria da oferta dos transportes públicos marcou, e marcará, a agenda de Os Verdes e muito
contribuímos nesta Legislatura para a redução do preço dos passes sociais, que queremos ver efetivado em
todo o País.
No setor da floresta, trabalhámos para o fim da famigerada lei da liberalização do eucalipto, da
responsabilidade do anterior Governo PSD/CDS. Foi uma exigência do Partido Ecologista «Os Verdes», logo no
início da Legislatura, para estancar o crescimento das brutais monoculturas do eucalipto, para diversificar o
povoamento da nossa floresta com a expansão de espécies autóctones, com ganhos na biodiversidade e na
segurança do território contra a maior propagação dos fogos florestais.
Este País viveu a dimensão trágica dos incêndios de 2017 e percebeu-se o resultado do erro cometido,
durante décadas de Governos do PSD, do PS e do CDS, em ceder quase em exclusivo a nossa floresta aos
interesses das celuloses.
O Partido Ecologista «Os Verdes» trabalhou arduamente para mais vigilância da natureza, para dotar o País
de mais meios de fiscalização e de combate à poluição, designadamente industrial, para a proteção da fauna
selvagem, para o reforço da resposta dada pelos centros de recolha oficial de animais, para a retirada de amianto
em edifícios públicos, para a diminuição do consumo de plástico descartável, para privilegiar o consumo local
de bens alimentares, para a produção agrícola menos intensiva, entre tantas outras questões.
Poder-se-ia ter avançado mais nesta Legislatura? Sim, era possível, o País tinha capacidade para o efeito.
Com os recursos de que o País dispunha era possível ter ido mais longe, se, por exemplo, não se deixasse a
banca sugar tantos recursos públicos, ou se o PS não tivesse preferido colocar o défice ainda mais abaixo do
que estava traçado, em vez de investir no combate a outros défices que atingem diretamente a vida das pessoas,
designadamente nas áreas da educação, da saúde, dos transportes e da cultura.