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24 DE SETEMBRO DE 2020

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agradar à geringonça, ou seja, «vamos combater os liberais», «o que é preciso, de facto, é mais Estado»,

quando aquilo que esperávamos era, de facto, mais pragmatismo e menos citações batidas, que davam um

lindíssimo artigo para um jornal de referência, mas são pouco úteis num plano pragmático e efetivo para o

País.

Por outro lado, também, é um bocadinho de tudo e o seu contrário, ou seja: mobilização e dinamização das

grandes cidades, mas interior; criação e cada vez mais indústria, mas ambiente… É um bocadinho de tudo e o

seu contrário e, Sr. Primeiro-Ministro, na minha opinião, esta nova utopia, esta utopia 2.0, choca um bocadinho

com a realidade do País.

Referem o grande desenvolvimento da digitalização. Não vai ficar tudo bem, vai ficar tudo perfeito, se

olharmos para o plano. Mas a realidade é esta: onde é que está o milhão de computadores, que era suposto

estarem a chegar às escolas e às crianças neste momento, quando tantas crianças portuguesas não têm

computador?

Em relação aos idosos, dizem que vamos finalmente resolver o abandono dos idosos, com que somos

confrontados todos os dias. Mas, num País onde há pessoas que esperam dois anos para verem a sua

pensão processada, isto choca com a realidade, na nossa opinião, Sr. Primeiro-Ministro.

E até encontramos pressupostos errados. Por exemplo, um dos pressupostos do «plano Costa Silva» é o

de que o Estado-nação está em declínio. Tem a certeza, Sr. Primeiro-Ministro? Eu não tenho nada essa

certeza de que o Estado-nação esteja em declínio, nem tenho a certeza de que, em relação à China, todo o

Ocidente esteja adormecido. Se calhar, há uma parte que está, mas não sei se está todo.

Portanto, a partir destes pressupostos, vamos exercer — citando o «plano Costa Silva», a frase não é

minha — o nosso «soft power» e vamos ser, como dizem normalmente estes planos, um player com as

nossas Forças Armadas, um player não só europeu mas também atlântico. Isto é o que diz o plano. A

realidade é que o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas disse, há muito pouco tempo, que a situação

está em rutura e é insustentável, porque não há recrutamento e não há meios — e o mesmo se diga das

forças de segurança.

Em relação à ferrovia, anunciam grande investimento e grande solução. Qual é a realidade? Importação de

sucata espanhola com amianto. Esta é a última realidade que nós conhecemos na ferrovia.

Ou seja, este é um plano de boas intenções, tem algumas ideias boas — não é isso que está em causa —,

algumas aproveitáveis, muito pouco quantificáveis, e, sobretudo, é muito pouco descritivo daquilo que se vai

fazer em concreto.

Termino, Sr. Primeiro-Ministro, dizendo que a questão que se coloca é de opção e a primeira opção que

esperávamos saber era sobre o modelo económico. O que é que nós queremos? O que é que queremos ter

como modelo económico para o País? Este modelo que nos é apresentado é, ainda assim, mais…

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe para concluir.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente. Como estava a dizer, este modelo é, ainda assim, mais Estado e mais consumo público. O modelo que

deveríamos ter era mais iniciativa privada, mais empresas e uma economia exportadora. Se este é o modelo,

nós dificilmente aderiremos, ainda que possamos dar contributos.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira, do Grupo Parlamentar do PCP, para uma intervenção.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro e demais membros do Governo: O PCP trouxe a este debate a sua visão e as suas propostas para aquilo que é a

solução dos problemas que o País enfrenta.

Identificámos linhas de rutura com a política que conduziu o País à situação em que ele se encontra e

identificámos também objetivos a prosseguir, sublinhando questões que nos parecem centrais nos objetivos

que é preciso alcançar, nomeadamente a necessidade de uma política de valorização dos salários, dos