I SÉRIE — NÚMERO 4
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Para construir um futuro de progresso e bem-estar, temos de reforçar o SNS e a rede social que protege
todos, que tem de ser mais sólida e mais próxima.
Por isso, o primeiro objetivo deste plano é o de fortalecer o SNS, em particular concluindo a Rede Nacional
de Cuidados Continuados Integrados e a Rede Nacional de Cuidados Paliativos e definindo um plano para
reforçar a Rede de Cuidados de Saúde Primários.
Em segundo lugar, numa área em que a pandemia revelou fragilidades nas respostas sociais, o plano
responde com uma nova geração de equipamentos e respostas, que deve permitir investir na qualidade das
respostas desenhadas para os idosos, reforçando as respostas de apoio domiciliário e respondendo melhor às
famílias. Também na habitação e na pobreza, em particular nas áreas metropolitanas, este plano tem
propostas.
Temos os recursos e um rumo bem definido, com objetivos fundamentais. Devemos colocar as nossas
energias na recuperação da crise, no combate ao desemprego, no combate à pobreza e às desigualdades. E
quem, no passado, defendeu respostas diferentes às crises que vivemos tem o dever acrescido de participar
neste caminho.
Queremos ganhar as batalhas do futuro, da economia verde e da transição digital, mas vamos fazê-lo hoje,
com as mulheres e os homens do nosso presente, com as crianças e os jovens do nosso futuro. É com elas e
com eles, é para elas e para eles que as políticas públicas têm de trabalhar, trabalhando mais para quem mais
precisa, para que a força de todos chegue a cada um.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Ministra, registaram-se para pedir esclarecimentos os Srs. Deputados José Soeiro, do Bloco de Esquerda, e Tiago Barbosa Ribeiro, do PS.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, a pandemia expôs as debilidades do nosso sistema de proteção social e também as lacunas do nosso regime de prestação de cuidados.
Temos mais de metade dos desempregados sem acesso a proteção no desemprego, um problema que já
vinha de trás, precisamente de alterações feitas pelo Partido Socialista, em 2010, e das alterações feitas pela
direita, em 2012; temos uma cobertura irrisória do subsídio social de desemprego; temos uma desproteção
dos trabalhadores independentes, que fez com que fosse preciso criar um apoio extraordinário, que foi
requerido por cerca de 200 000 trabalhadores e que não chegou a toda a gente que dele precisava; temos
prestações no desemprego e apoios extraordinários com valores muito aquém do limiar de pobreza — aliás,
em média, nos apoios extraordinários, são metade do que é hoje o limiar de pobreza —; temos cuidados
sociais inteiramente entregues ao setor privado, o Estado sendo o financiador e um frágil fiscalizador e não
havendo uma rede pública de cuidados, nomeadamente para as pessoas idosas e para as pessoas
dependentes; temos um modelo de institucionalização que não serve e um reforço de profissionais nos
cuidados sociais que foi feito repetindo, tragicamente, os erros do passado.
Os 15 000 profissionais que o Governo anunciou que iriam reforçar os lares de idosos estão a reforçar
essas infraestruturas de cuidados sem contrato, tendo apenas uma bolsa, e não um contrato de trabalho, e
sem salário, porque recebem o subsídio de desemprego e uma majoração. Ora, isto é um modelo de
precariedade assistida pelo Estado, que é o oposto do que precisamos para responder à crise. E, claro, no
mundo do trabalho, nomeadamente para os jovens, mas não só, existe uma lógica de precarização que parece
não ter fim à vista e que revelou as consequências sociais neste contexto.
Por isso, Sr.ª Ministra, pergunto-lhe se no debate sobre o reforço da proteção social, no debate sobre a
resiliência, no debate sobre o emprego não acha que é preciso ir muito mais longe para não deixar ninguém
para trás, sabendo que o reforço da proteção social é a discussão sobre as medidas de apoio social, mas é
também a discussão sobre o combate à precariedade e a reconstrução das relações coletivas de trabalho,
porque uma coisa e outra são duas faces da mesma moeda.
Aplausos do BE.