26 DE SETEMBRO DE 2020
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A Promovalor, ligada a Luís Filipe Vieira, é também um dos maiores devedores do Novo Banco. Como é
possível que, entre 2014 e 2018, a sua dívida tenha aumentado de 400 milhões de euros para 760,3 milhões de
euros? Como é possível que o Novo Banco e o Lone Star tenham demorado quase dois anos a cumprir a
exigência do Fundo de Resolução e iniciar uma auditoria aos empréstimos a esta empresa ligada a um figurão
do futebol?
Como se todas estas dúvidas e negociatas não bastassem, no ano passado, ano em que o Novo Banco teve
um prejuízo de mais de 1000 milhões de euros, vimos serem atribuídos bónus diferidos com o valor de quase 2
milhões de euros aos seus administradores. Tal por si já é mau, mas piora se tivermos em conta que este valor
é superior, no dobro, àquele que foi pago pelo BCP, que teve um lucro de mais de 300 milhões euros, o que nos
faz perguntar ao Novo Banco, ao Lone Star e a todos aqueles que têm passado por aquele que tem sido um
sorvedouro de dinheiros públicos, como é possível tanto descaramento para com o povo português?
Os termos da venda do Novo Banco foram absolutamente tóxicos para o interesse público, para os
contribuintes e para o equilíbrio das contas públicas. É preciso esclarecer tudo o que houver para esclarecer
nesta venda e nas operações de venda ao desbarato que ocorreram ao longo dos anos. Sem que se ponham
em causa as competências próprias da justiça, é preciso que se apurem todas as responsabilidades, designada
e principalmente as responsabilidades políticas por aquilo que se tem passado no Novo Banco nos últimos anos.
Nenhum aspeto, nenhuma pessoa pode ficar de fora deste apuramento de responsabilidades.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, chamo-lhe a atenção para o tempo.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Concluo já, Sr. Presidente. Uma vez que estamos a falar daquele que, durante muitos anos, foi o banco do regime, não podemos deixar,
também, de averiguar as perigosas ligações do BES e do Novo Banco à política e a alguns titulares de cargos
políticos.
Por isso, o PAN viabilizará todas as propostas que aqui estão a ser discutidas para a criação desta comissão
eventual, sob pena de não cumprirmos aquilo que os cidadãos esperam de nós e que são os esclarecimentos
que, neste momento, se exigem, bem como travar os desvarios que têm ocorrido no Novo Banco.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, do PEV.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Desde o início da crise financeira, os portugueses já pagaram mais de 20 000 milhões de euros a tentar salvar a banca.
Quando falamos do problema do Novo Banco, estamos a falar de um problema que se arrasta há já seis
anos e, portanto, não é um problema só de agora, é um problema que nasceu com o Governo do PSD e do
CDS, que separou o BES mau do BES bom, quando, pelos vistos, seis anos depois continuamos à procura do
tal banco bom.
Não sei se o ex-Ministro das Finanças, Mário Centeno, tinha ou não razão quando afirmou que «esta foi a
mais desastrosa resolução bancária alguma vez feita na Europa». O que sabemos é que o Governo PSD/CDS
criou um problema mas não o resolveu e também sabemos que foi um processo que nasceu torto, e o que
«nasce torto, tarde ou nunca se endireita», mesmo que se apregoe a tal saída limpa.
Seja como for, o que é verdade é que os contribuintes já estão fartos de andar a pagar as aventuras e as
irresponsabilidades dos banqueiros. Isto não pode continuar a acontecer e é preciso pôr termo a esta imoralidade
e a esta gritante injustiça. E, como já referimos noutras ocasiões, na nossa perspetiva, o fim desta imoralidade
devia começar já com o Novo Banco.
Assim, deve começar-se pela solução que menos onere os contribuintes e que melhor sirva os interesses do
País. Deve ser essa a solução a adotar para o caso do Novo Banco, mas para isso é necessário que o Estado
tome conta do Novo Banco, que este fique nas mãos do Estado para, desta forma, o Estado poder colocá-lo ao
serviço do desenvolvimento do País e da nossa economia, ao serviço dos interesses dos portugueses e ao
serviço dos interesses do nosso País. Isto porque, se o Estado paga, o Novo Banco deve estar nas mãos do
Estado, nas mãos de quem paga.
Entretanto, e para além disso, na procura da defesa do interesse público e procurando acentuar uma cultura
de responsabilidade democrática, é necessário perceber as causas das perdas do Novo Banco imputadas ao