26 DE SETEMBRO DE 2020
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados. Chegámos, assim, ao final do debate deste ponto da agenda de hoje.
Devo informar-vos que temos um número de Deputados inscritos mais do que suficiente para que tenhamos
quórum. Portanto, os grupos parlamentares podem providenciar no sentido de se organizarem, com a presença
de alguns Deputados no Plenário e outros nos gabinetes.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Fernando Negrão.
O Sr. Presidente: — Bom dia, Sr.as e Srs. Deputados. Retomando os nossos trabalhos, vamos dar início ao ponto 3 da agenda de hoje, a discussão conjunta dos
Inquéritos Parlamentares n.os 4/XIV/1.ª (CH) — Constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao
financiamento de campanhas políticas pelo Grupo Espírito Santo (GES), bem como às operações de alienação
de ativos do Novo Banco, 5/XIV/1.ª (BE) — Comissão eventual de inquérito parlamentar aos prejuízos do novo
banco imputados ao Fundo de Resolução, 6/XIV/1.ª (IL) — Comissão eventual de inquérito parlamentar às
razões dos prejuízos do Novo Banco e 7/XIV/2.ª (PS) — Comissão eventual de inquérito parlamentar às perdas
registadas pelo Novo Banco imputadas ao Fundo de Resolução.
Para fazer a apresentação da iniciativa legislativa apresentada pelo Chega, tem a palavra o Sr. Deputado
André Ventura.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Conhecemos, por estes dias, os pormenores da acusação do Ministério Público no caso do Novo Banco. Ficámos a saber que estivemos perante
crimes tão graves como associação criminosa, corrupção ou burla, com o dinheiro efetivo dos contribuintes, com
o dinheiro efetivo dos portugueses.
No cruzamento deste processo com a Operação Marquês ficámos também a saber que houve financiamento
abusivo, indevido e contínuo de campanhas eleitorais e de políticos, através do «saco azul» do Banco Espírito
Santo (BES) e de esquemas fraudulentos que depois vieram a exigir dinheiro aos portugueses.
Hoje é o momento de não fugirmos a essa questão e de, para lá das vendas do Novo Banco, investigarmos
quem, de que forma e como recebeu dinheiro do antigo Banco Espírito Santo para financiar campanhas
eleitorais; quem, de que forma e como recebeu dinheiro, muitas vezes criminoso, para poder financiar as suas
campanhas e o seu projeto político, enquanto atacava outros por, supostamente, serem também financiados
nas suas campanhas eleitorais.
É preciso transparência, legalidade e, sobretudo, muito cuidado no uso do dinheiro dos contribuintes. É isso
que devemos a Portugal e este é o momento em que não podemos deixar para trás, deixar de investigar até ao
fim tudo o que aconteceu num dos episódios mais vergonhosos da nossa História.
Mas, ao mesmo tempo, sabemos, porque a auditoria nos revelou, que houve uma desastrosa operação de
venda dos ativos do Novo Banco, com prejuízo de centenas de milhões de euros¸ com bens vendidos abaixo do
valor de mercado, que envergonharia a imobiliária mais reles que o País pode ter. E mais grave: com a
autorização do regulador! E se alguns argumentam que não podemos investigar porque foi autorizado pelo
regulador, o Chega diz: devemos, sobretudo, investigar porque foi autorizado pelo regulador, porque este
sistema já está demasiado sinistramente organizado para conseguir impedir que se saiba a verdade.
Até ao final do ano vamos gastar muitos mais milhões de euros com o Novo Banco. Podemos gastar várias
centenas de milhões de euros com o Novo Banco.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado, chamo-lhe a atenção para o tempo.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente. Hoje é nossa responsabilidade olhar para este dinheiro, olhar para o dinheiro dos bolsos dos portugueses e
exigir uma investigação sem fim, sem necessidade de bodes expiatórios e sem medo, àquele que foi o maior
escândalo em democracia, em Portugal, no uso do dinheiro dos contribuintes.