I SÉRIE — NÚMERO 6
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Queremos avaliar a medida de resolução, queremos avaliar a injeção de dinheiro público para a cobertura
dos prejuízos do Novo Banco, agravados com a venda de ativos com um grande desconto.
Queremos saber se existe ou não conflito de interesses na venda de ativos do Novo Banco e se o Lone Star
é parte nos negócios.
Queremos conhecer os detalhes do negócio da venda do Novo Banco e o papel do Ministério das Finanças,
do Governo e das autoridades europeias em todo este processo.
O PSD votará favoravelmente a proposta do Bloco de Esquerda, sem reservas. Revemo-nos no que ela
contém: o esclarecimento público, defender a verdade e os contribuintes.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Hugo Carneiro (PSD): — O PSD revê-se nesses objetivos e, portanto, votará favoravelmente a proposta do Bloco de Esquerda. Mas não alinharemos em certas propostas de outros partidos, como a do Partido
Socialista, que visam voltar a repetir a comissão de inquérito ao BES ou que procuram instrumentalizar esta
nova comissão de inquérito para fins políticos.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Não tenha medo!
O Sr. Hugo Carneiro (PSD): — Assim, não! Não aceitaremos e votaremos também contra as propostas — que as há! — que visam instrumentalizar a comissão de inquérito para fins que nada têm a ver com o Novo
Banco e que fazem parte do ativismo populista.
O PSD tem sido um dos principais partidos que não se tem coibido de enfrentar as dúvidas que existem sobre
o Novo Banco e não deixaremos de o fazer enquanto elas persistirem.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do CDS-PP.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Banco Espírito Santo foi resolvido em 2014 e, na altura, foi criado o Novo Banco, que, depois, em 2017, foi vendido. E gostava de fazer
aqui duas citações do que o Governo nos disse em 2017.
Dizia, então, o Governo: «ao contrário do inicialmente proposto, não é concedida qualquer garantia por parte
do Estado ou de qualquer outra entidade pública». E dizia ainda o Governo: «não haverá impacto direto ou
indireto nas contas públicas nem novos encargos para os contribuintes».
Aqui estamos, em 2020, sendo agora o Ministro que conduziu a venda Governador do Banco de Portugal —
foi premiado com esse cargo —, quase 3000 milhões depois, através do Fundo de Resolução, e dois
Orçamentos com injeções do Estado, aprovadas por PS, PCP, Bloco de Esquerda e Partido Ecologista «Os
Verdes».
Criou-se, quase dois ou três anos passados, aquilo a que chamarei a «tese da surpresa», que só podia
culminar numa nova comissão de inquérito.
Sr.as e Srs. Deputados, do nosso ponto de vista, a questão essencial que tem de ser percebida, e já irei à
história desde o princípio, é muito simples: os prejuízos que estão agora a aparecer e que são suportados pelo
contribuinte, indiretamente, através do Fundo de Resolução, por causa daquilo que é, obviamente, uma garantia
pública, são prejuízos que vêm do passado, que têm a ver com o facto de terem transitado para o Novo Banco
ativos que não deveriam ter transitado, ou são prejuízos que têm a ver com uma péssima gestão do Novo Banco,
que andará a vender ativos ao desbarato?
Dito de outra forma: onde é que está o problema? São os ativos que estão no Novo Banco que não têm o
valor pelo qual estão contabilizados ou estão a ser mal vendidos? Esta é a questão fundamental a que uma
comissão tem de responder.
Portanto, votaremos favoravelmente tudo aquilo que tenha a ver com o apuramento desses prejuízos.
Obviamente, se alguns partidos querem repetir a comissão do BES, como parece querer o Chega, também não