I SÉRIE — NÚMERO 7
32
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — E do Paulo Campos!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Portanto, perceba que, quando ouço falar em grandes planos de investimento público, quando ouço «agora é que vai ser», quando dantes tínhamos de combater a
interioridade com as autoestradas, mas agora já não, é o País da ferrovia, olho para isto tudo com um
bocadinho de desconfiança, sobretudo quando vejo, nos planos, grandes palavras, grandes intenções, mas,
depois, de medidas concretas, vejo muito pouco.
Quanto a medidas concretas para as empresas, já lhe dei uma: pegar num dos vários impostos ou
contributos que prorrogou e, numa parte, pura e simplesmente, eliminá-lo e não cobrá-lo. É fácil, é rápido e
ajuda muitas empresas.
Em relação ao Sr. Deputado Duarte Alves, que me fez uma pergunta sobre a nossa posição relativamente
a fórmulas e ao salário mínimo nacional, trouxe alguns números, porque, às vezes, sobre fórmulas, mais vale
irmos ver a realidade.
Em relação ao salário mínimo nacional, fui olhar para os países da Europa em que ele é mais alto e vi isto:
Luxemburgo, 2141 € de salário mínimo; Irlanda, 1681 € de salário mínimo; Holanda, 1666 € de salário mínimo.
Do lado das vossas bancadas, só ouço críticas a estes países. Se calhar, mais valia irem ver o que é que eles
estão a fazer bem para as pessoas terem estes rendimentos de salário mínimo.
Falando em fórmulas, fui também olhar para os países que têm os salários mínimos mais baixos. Encontrei
isto: Bulgária, salário mínimo de 311 €; Letónia, salário mínimo de 430 €; Roménia, salário mínimo de 463 €.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, chamo a sua atenção para o tempo.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Deputado, pense bem nas fórmulas que estes países seguiram para as pessoas viverem assim e vai encontrá-las todas, mesmo todas, no seu partido. O seu partido conduz a
estas misérias.
Aplausos do CDS-PP.
Protestos de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, para uma declaração política, a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Durante esta crise sanitária, assistimos, em particular no período de desconfinamento, a uma total incoerência nos critérios que vieram a
ser definidos pelo Governo, com base nas recomendações e orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS),
nomeadamente naquilo que respeita à presença de público nas diferentes atividades culturais ou desportivas.
Se, por um lado, os jogos de futebol ou outras práticas desportivas, onde se inclui o desporto adaptado,
têm esperado por um período demasiado prolongado no tempo pelas normas e orientações da DGS, o mesmo
não se tem visto noutras atividades. Não nos podemos esquecer de que a espera por estas normas teve um
impacto nos clubes, nos rendimentos e na prestação dos profissionais do desporto.
Estas atividades decorrem ainda à porta fechada, quando, contrariamente ao que o Governo tinha
inicialmente avançado, a tauromaquia foi, mais uma vez, a exceção. Para o Governo e a Direção-Geral da
Saúde, do público do futebol espera-se um comportamento indisciplinado, de gente que não se sabe
comportar. Mas — pasmem-se! —, já nas touradas, essa atividade anacrónica, o Governo parece acreditar
que o público se vai comportar como um autêntico anjinho!
Por que razão é que nem 5% de um estádio de futebol pode ser ocupado, quando, em contrapartida, nos
últimos dias, circulou nas redes sociais uma fotografia panorâmica de uma praça de touros em Santarém,
repleta de pessoas a assistir a uma tourada?
Protestos da Deputada do PSD Fernanda Velez.