I SÉRIE — NÚMERO 7
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Na prática, o que temos é o Governo a dizer, num dia, que o País não pode voltar a confinar e que a única
forma de o garantir é a adoção de comportamentos responsáveis e, no dia imediatamente a seguir, a legitimar,
através das entidades públicas que estão sob a sua égide, um critério simplesmente incompreensível, ao
permitir eventos que, se já não bastasse serem a promoção da violência gratuita e injustificada sobre animais,
põem ainda em causa a integridade física de quem participa nesta atividade e desrespeitam, de forma
flagrante, as orientações da Direção-Geral da Saúde.
Veja-se ainda que, recentemente, a Comissão de Educação, Desporto e Juventude recebeu o Comité
Olímpico de Portugal, o Comité Paralímpico de Portugal e a Confederação do Desporto de Portugal, que já em
julho assinaram uma moção conjunta, manifestando as suas preocupações com a sobrevivência do desporto
nacional, seja dos pequenos clubes, seja no incentivo à prática desportiva dos jovens. Mas para estes atletas
não há exceções. Fecha-se a porta a atividades promotoras de boas práticas e não às da cultura da violência!
Sr.as e Srs. Deputados, fecham os olhos ao sofrimento animal, fecham os olhos às inúmeras irregularidades
que ocorrem nesta atividade, fecham os olhos à falta de seguro para os forcados, e, pelos vistos, fecham
também os olhos à saúde, valor de que tanto se falou durante esta crise sanitária e que pela tauromaquia tem
sido feita tábua rasa.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, chamo-lhe a atenção para o tempo.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Vou concluir, Sr. Presidente. Se a tauromaquia já não devia ter lugar num contexto de normalidade sanitária, muito menos tem num
contexto como aquele que vivemos, em que a sociedade tem sido obrigada a enormes sacrifícios e privações,
em que as cidadãs e os cidadãos são privados de levarem as suas vidas com normalidade e os profissionais
de saúde são expostos a um desgaste acrescido.
É, assim, absolutamente incompreensível para o PAN esta exceção por parte do Estado, assim como a
total impunidade que tem reinado perante este setor.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — A Sr.ª Deputada tem cinco pedidos de esclarecimento. Como é que pretende responder?
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, responderei aos primeiros dois e depois aos restantes três.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem, então, a palavra para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Fernanda Velez.
A Sr.ª Fernanda Velez (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, ainda bem que o PAN trouxe o tema da cultura, hoje, ao Parlamento.
Mas deixe-me começar por lhe dizer que a sua obsessão pelas touradas é, claramente, doentia e só nos
faz lembrar que o PAN tem um único tema, que é a tauromaquia, acabar com a tauromaquia, e socorre-se de
uma fotografia que, inclusive, não corresponde à realidade. Essa fotografia foi tirada na Praça de Touros
Celestino Graça em anos anteriores.
Mas vamos ao que interessa, vamos à cultura que é isso que nos traz aqui. A paralisação de todo o setor
cultural provocou danos gravíssimos e o resultado está à vista: muitos agentes e profissionais enfrentam a
pobreza, o desemprego e a incerteza no futuro. Uma situação que o Grupo Parlamentar do PSD tem vindo a
denunciar e a acompanhar de forma séria e constante, porque o estado da cultura em Portugal assim o exige.
A Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real recorda-se, seguramente, que foi o PSD que promoveu um debate de
urgência no passado mês de junho sobre o estado da cultura em Portugal e já na altura o Grupo Parlamentar
do PSD se mostrou preocupado com o facto de todas as atividades ligadas ao setor cultural estarem
encerradas e as respostas do Ministério da Cultura serem curtas, tardias e muito pouco eficazes. E se o setor