I SÉRIE — NÚMERO 7
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crianças e jovens. Mas que uma atividade beneficie de uma exceção, em detrimento, por exemplo, do
desporto, que ainda não tem regras definidas, isso é que, para nós, é manifestamente incompreensível.
É incompreensível, neste contexto absolutamente excecional, privilegiar, mais uma vez, uma atividade que
não é consensual na nossa sociedade, que põe em causa os valores humanitários do nosso tempo, e — pior!
— que vem agora pôr em causa a saúde pública de todos.
Protestos do Deputado do PS Pedro do Carmo.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Se a vós isto não vos incomoda, a nós incomoda-nos profundamente e não nos calaremos em relação a isso.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Agora sim, segue-se a última declaração política. Tem a palavra, para o efeito, o Sr. Deputado Pedro Coimbra, do PS.
O Sr. Pedro Coimbra (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O País e o mundo vivem, hoje, uma das maiores crises de que há memória, uma crise sanitária, causada por um inimigo invisível que provoca
doença e morte de forma devastadora e indiscriminada.
Como consequência da crise sanitária, atravessamos uma devastadora crise social e económica. Após um
período económico e financeiro histórico no País, onde o investimento, público e privado, crescia, o
desemprego descia para valores mínimos e o défice da República apresentava, em anos consecutivos, os
melhores desempenhos em democracia, o País bate-se, tal como o mundo, com milhares de desempregados
e com milhares de empresas em falência ou em grandes dificuldades. Urge, portanto, rapidamente traçar um
caminho para a recuperação de Portugal, além do combate à pandemia, como é evidente.
O Primeiro-Ministro António Costa foi já muito claro quando afirmou que o caminho correto e a seguir não
seria o da austeridade, com o aumento da carga fiscal, com cortes nos salários e no investimento público,
como a direita portuguesa protagonizou ainda há pouco tempo.
Protestos do Deputado do PSD Cristóvão Norte.
Não! Não será assim e não é esse o caminho.
O Primeiro-Ministro, desde cedo e desde logo, percebeu que o caminho teria de ser outro, que seria
importante salvar as empresas e salvar os postos de trabalho, mobilizando recursos financeiros, sobretudo
europeus, para esse efeito. Bem sabemos que não tem sido fácil, numa Europa com líderes tão diferentes e
com uma visão tão distinta, mas respeitamos, naturalmente, esta forma diferente.
No entanto, a Europa e os seus líderes demonstram estar à altura dos desafios que temos pela frente.
Ontem mesmo, em Lisboa, foi apresentado um importantíssimo Plano de Recuperação e Resiliência e a
Presidente da Comissão Europeia afirmou que, para dar resposta à crise, foi possível alcançar um acordo a 27
que mobilizará recursos de uma magnitude sem precedentes, dizendo, em bom tom, que Portugal foi, e é, um
parceiro-chave neste trabalho.
Nos próximos anos, Portugal terá à disposição perto de 60 mil milhões de euros, se tivermos em conta
todos os mecanismos e instrumentos de apoio. É muito dinheiro, entre subvenções a fundo perdido e
empréstimos, que podem ser usados em todo ou em parte. Absolutamente fundamental é aplicar bem este
dinheiro, e, se assim for, podemos e devemos mudar a face do País para melhor.
Aplausos do PS.
Um país mais qualificado e com melhores empregos, um país com empregos mais bem pagos, um país
com empresas mais competitivas, um país com uma economia mais resiliente, mais verde e mais digital.