1 DE OUTUBRO DE 2020
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O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — … nesta lógica de o Governo tudo fazer ao serviço dos portugueses e de este plano de resiliência e de recuperação económica, que, no fundo, ninguém conhece, ser o alfa e o ómega
de toda a intervenção que vai resgatar os portugueses desta situação dificílima.
Mas, infelizmente, esta ideia é falsa. Alguém conhece o plano? Eu não conheço! Sr. Deputado, conhece o
plano? Mostre-me o plano, traga-o aqui!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Muito bem visto!
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Ontem, fizeram uma apresentação, um PowerPoint com 10 slides, mas, em concreto, ninguém conhece o plano. Se nós não conhecemos o plano, como havemos de o discutir?
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Claro!
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Não podemos dizer que o plano é bom ou mau ou o que quer que seja! Mas, Sr. Deputado, aproveita esta oportunidade, tal como o grupo do Partido Socialista a aproveita, para
exortar um plano que o País não conhece, que a Assembleia da República não conhece e que ninguém
conhece. A única coisa que sabemos é que tudo o que consta nesse famigerado plano é prioridade.
Sr. Deputado, na sua intervenção, disse, quando lhe falaram da seca, que era uma prioridade; a seguir,
quando falaram do ambiente, disse que era uma prioridade; a seguir, quando falaram da agricultura, disse que
era uma prioridade. Era tudo prioridade! Isto é como uma Bimby — metemos uma coisa lá para dentro e não
sabemos o que é que sai!
Os senhores não sabem o que vai sair e, ainda assim, aproveitam esta circunstância para mais uma
daquelas monstruosas encenações que, no fim, põem em causa o que o Governo devia fazer para auxiliar as
empresas, para salvar o emprego, para, no fim de contas, dar esperança e futuro aos portugueses. Nisso, o
Governo não se concentra! Olhamos à volta, vemos quebras tremendas no emprego e na economia, que são
maiores do que as dos nossos parceiros europeus, e onde está o Governo? O que é que o Governo está a
fazer para ajudar quem está com o «credo na boca»?
A única coisa que ainda sabemos do plano são essas pias intenções de natureza ideológica que não se
fundam nas melhores energias da sociedade, na capacidade de iniciativa privada, mas antes no facto de o
Estado ser o todo-poderoso, ser o centro das orientações e, no fim de contas, ser tudo aquilo para que um
eventual plano seja desenhado.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado, chamo a atenção para o tempo.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Portanto, faço-lhe duas perguntas muito simples, sendo a primeira a seguinte: afinal, qual é a prioridade?
A segunda pergunta é: quando é que o Governo vai olhar para esta situação e vai tomar medidas com
fôlego para que o País não se transforme num monte de escombros, com grandes perdas económicas, mais
difíceis do que aquelas que já resultam desta situação crítica que estamos a enfrentar?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, ainda para um pedido de esclarecimentos, o Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, começo por cumprimentar o Sr. Deputado Pedro Coimbra e por lhe agradecer ter trazido aqui este mesmo tema.
O tema em si é importante, mas seria mais importante, como é evidente, que nos trouxesse aqui o plano e
que o pudéssemos conhecer. É difícil estar aqui a discutir um mero PowerPoint que foi distribuído. Eu diria que
há alguma propaganda, como é evidente, e que o Partido Socialista sabe apresentar bem essas coisas,
sempre com PowerPoints muito bonitos, mas o que é certo é que não temos aqui em discussão esse mesmo
plano.