1 DE OUTUBRO DE 2020
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No próximo dia 15 de outubro, o Primeiro-Ministro apresentará, em Bruxelas, o Plano de Recuperação e
Resiliência para Portugal, onde se destacarão, como já foi anunciado, o investimento na qualificação, o
investimento na inovação, o investimento na reindustrialização, o investimento na Administração Pública, o
investimento na coesão territorial e o investimento nos cuidados aos mais velhos.
Ganha aqui importância, e destaca-se, a Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de
Portugal 2020-2030, desenhada pelo Prof. António Costa Silva — importa também, desde já, agradecer
publicamente ao Prof. António Costa Silva pelo esforço, pelo trabalho, dedicação e empenho que emprestou,
com o seu saber, a esta causa, de forma totalmente desinteressada —, um documento importante que
resultou do contributo de muitos, num amplo debate, aberto e público, que contou com a participação de
múltiplos cidadãos, associações, confederações, autarquias, empresas, universidades, centro de investigação,
sindicatos e um conjunto muito vasto de outros organismos.
Este grande debate é, só por si, demonstrativo da grande mobilização e do grande interesse dos cidadãos
e das instituições em contribuir para o futuro do País e para a recuperação económica e social.
Temos todos uma grande responsabilidade e, em simultâneo, uma grande oportunidade para reinventar o
País e para renascermos mais fortes. Esse é um papel que cabe a todos nós, sem exceção, a toda a
sociedade portuguesa e, por maioria de razão, a todos os partidos políticos com assento parlamentar.
Portugal e os portugueses jamais nos perdoariam se, em cima de uma crise sanitária devastadora, de uma
crise social e económica terrível, acrescentássemos, ainda, uma crise política irresponsável, que só viria
contribuir ainda mais para a degradação das circunstâncias atuais ao adiar ou, até mesmo, colocar em causa
a recuperação do País.
Cada um, dentro do papel que lhe foi confiado pelos portugueses, tem de assumir as suas
responsabilidades, colocando acima de tudo o interesse nacional, de Portugal e dos portugueses, agora e nos
próximos anos. É isso que os portugueses nos exigem.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado, a Mesa regista seis inscrições para pedidos de esclarecimento. Como pretende responder?
O Sr. Pedro Coimbra (PS): — Sr. Presidente, responderei a três e depois aos outros três.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Assim sendo, tem a palavra, para formular pedidos de esclarecimento, o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Coimbra, ouvimos com atenção a abordagem que fez na sua declaração política da questão da recuperação e da situação
económica do País.
Importa sublinhar que a extensão e a gravidade dos problemas que o País enfrenta exigem, a par de
respostas e de soluções para problemas imediatos, a adoção de uma política que rompa com a política de
direita que, ao longo de décadas, os gerou e acentuou, abrindo caminho a um outro rumo que assegure as
condições para o desenvolvimento soberano do País, para superar os principais défices estruturais, valorizar
os salários e os direitos dos trabalhadores e elevar as condições de vida do povo.
Não há solução nem resposta possível insistindo nas mesmas opções que estiveram na origem da
dependência, das fragilidades e dos condicionalismos que marcam e tolhem as condições de um
desenvolvimento soberano do País. A resposta imediata aos problemas nacionais é inseparável de opções e
decisões que irão ser tomadas nos próximos meses. O que se exige é que se assuma uma viragem nas
opções, nos critérios e nas prioridades que condicionam e, em larga medida, impedem o desenvolvimento do
País. É sobre isso que o questiono, Sr. Deputado.
Afinal, os senhores e o PS consideram ou não que este é o tempo para defender e valorizar o emprego
com direitos, nos setores privado e público, para eliminar os cortes salariais associados ao layoff ou às novas
versões desse tipo de medidas, para proibir todos os despedimentos, para assegurar apoios extraordinários a
quem perdeu rendimentos, para reforçar a proteção social em todas as suas dimensões — do desemprego à