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I SÉRIE — NÚMERO 7

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doença, das pensões às creches e aos lares —, para garantir o funcionamento efetivo dos serviços públicos e

inverter o crónico subfinanciamento e a falta de profissionais, para apoiar a atividade das micro e pequenas

empresas? São inúmeras as denúncias que aqui chegam sobre a situação de abandono, de ausência desses

apoios que, simplesmente, não chegam ao terreno e que levaram já a comissão parlamentar a aprovar a

proposta do PCP para chamar o Sr. Ministro da Economia.

Sr. Deputado, para terminar, concorda, ou não, que o que a situação reclama não é agitar fantasmas ou

insinuar chantagens, nem meras declarações de aparente distanciamento do PS em relação ao PSD, se as

opções que vierem a adotar forem, no essencial, aquelas que o PSD adotaria?

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, do PEV.

O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Coimbra, queria felicitá-lo por trazer um tema tão atual para discussão, porque, de facto, o programa de recuperação é assumido como um

dos principais instrumentos de intervenção estrutural, tanto do ponto de vista da recuperação da economia

como também da qualidade de vida dos portugueses, mas temos alguns receios de que esta oportunidade

única acabe por transformar-se numa oportunidade perdida. Para que assim não seja, é nosso dever

determinante que não pretenda assentar-se a recuperação da economia em opções e investimentos que

provoquem grandes impactos ambientais, cujo contributo para o desenvolvimento do País seria por demais

duvidoso.

Esta crise também veio mostrar os fortes desequilíbrios que se foram criando na relação que o Homem

estabelece com a natureza e veio confirmar, ainda, as grandes debilidades dos países e dos povos

subordinados a um modelo de crescimento globalizado e que assenta, sobretudo, no saque dos recursos

naturais e nas desigualdades sociais e territoriais.

Portanto, é necessário garantir respostas às necessidades do presente, sim, mas a pensar num futuro que

se pretende sustentável, onde a economia e a produção têm de estar em sintonia com a defesa da natureza e

com a justiça social. Neste contexto, ganha particular enfoque não só a questão da soberania alimentar, mas

também a da conservação da natureza, ou seja, dois pilares estratégicos de resiliência de qualquer povo.

Sobre a conservação da natureza, Sr. Deputado, não é só o que está degradado que importa acautelar, é

também necessário preservar o que resta para, de facto, termos um País mais verde. Sobre a soberania

alimentar importa, antes de mais, valorizar a agricultura familiar que é, sem dúvida, a que está mais

vocacionada para garantir essa mesma soberania de uma forma equilibrada, diversificada e até mais próxima

dos consumidores, para além dos outros contributos positivos que pode trazer, nomeadamente no que diz

respeito ao combate contra a desertificação do interior, contra o abandono do mundo rural e também contra os

incêndios florestais, numa perspetiva preventiva.

Pergunto-lhe, Sr. Deputado, se considera que tanto a conservação da natureza como a agricultura familiar

estão devidamente valorizadas e assumem alguma relevância neste plano de recuperação e resiliência.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN, tem a palavra.

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, antes de mais felicitamos o PS por trazer, novamente, esta questão do programa de recuperação.

Precisamente por ser um tema sobre o qual já aqui falámos, há questões que tivemos oportunidade de

apontar, nomeadamente em matéria ambiental e, também, de coesão territorial. Não querendo repetir essas

preocupações, há algumas questões muito concretas que gostaríamos ainda de ver esclarecidas e, por isso,

vamos aproveitar esta mesma oportunidade. O primeiro ponto prende-se com a questão da transparência no

próprio mecanismo de recuperação e também no uso dos fundos comunitários, pois, no plano, há, de facto,

uma matéria que ainda não está bastante esclarecida.