I SÉRIE — NÚMERO 10
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A Sr.ª Ministra da Saúde: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, poucas áreas da atividade assistencial terão tido, ao longo dos últimos meses, o cuidado e o tão grande esforço que nos mereceu a área
da saúde mental, nomeadamente também no desenvolvimento de novas respostas.
Ao longo destes últimos meses, como é sabido, não só foi criada a linha de atendimento psicológico — hoje
institucionalizada dentro do SNS 24 e que visa dar uma resposta direta a profissionais e pessoas que precisem
de aconselhamento psicológico —, como também se garantiu que essa linha não deixava as pessoas perdidas
no vazio e as encaminhava para serviços de saúde.
Ao mesmo tempo, o INEM continuou a fazer o seu trabalho e foi garantida a articulação entre estas duas
estruturas.
Mas não parámos por aqui e continuámos a desenvolver outro tipo de respostas. Na semana passada, foi
assinado um despacho entre o Sr. Ministro das Finanças e o Ministério da Saúde que permitiu que fossem para
o terreno as equipas comunitárias de saúde mental. Em termos de «piloto», irão funcionar junto de cada unidade
local de saúde e permitirão que a saúde mental comunitária seja desenvolvida, garantindo o alinhamento com
um novo paradigma de atividade assistencial nesta área, que assegura cuidados de proximidade, sem
desguarnecer a especialização desta atividade.
O trabalho com os psicólogos, o trabalho com os outros técnicos de saúde que atuam na área das doenças
mentais tem sido garantido através de diversas iniciativas, designadamente: continuamos a prosseguir os
objetivos que conduzirão à contratação de 40 psicólogos para reforço dos cuidados de saúde primários e
continuaremos também a aposta na implementação da reforma da saúde mental, uma prioridade política que
definimos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem novamente a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do PAN, a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, em relação à saúde mental, gostaria apenas de dizer que, de facto, há muito caminho a fazer para recuperar o tempo perdido.
Gostaríamos, agora, de trazer aqui um outro tema.
Nos últimos dias, vieram a público imagens de uma realidade para a qual o PAN tem vindo a alertar: a
crueldade no transporte de animais vivos por via marítima, a partir de Portugal. Aliás, tenho aqui uma fotografia
que ilustra bem isso mesmo.
A oradora exibiu uma fotografia de um animal acorrentado.
Numa breve descrição, o que se passa dentro desses navios é um autêntico terror: animais amontoados, uns
feridos, outros doentes, em agonia, transformados e tratados todo o dia como autêntica mercadoria. Isto, sem
esquecer, Sr. Primeiro-Ministro, que, neste contexto, também se encontram trabalhadores.
Depois da divulgação destas imagens, o Governo não pode continuar a varrer para debaixo do tapete uma
realidade que nos deve envergonhar.
Sr. Primeiro-Ministro, estes animais também fazem parte dos seres sensíveis que reconhecemos no nosso
Código Civil em 2017.
Portanto, ou o Governo é sensível ao bem-estar e à proteção animal ou é conivente com esta realidade. As
duas coisas em simultâneo é que não é possível!
Há, de facto, medidas urgentes a serem tomadas, desde terminar com o transporte de longa distância de
animais vivos a garantir a presença de médicos veterinários a bordo e reforçar os meios para a atividade
inspetiva.
Sr. Primeiro-Ministro, o que gostaríamos de saber…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, queira concluir.