8 DE OUTUBRO DE 2020
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Cabe agora ao Grupo Parlamentar do CDS-PP colocar as suas questões.
Para o efeito, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Ministros, Sr. Primeiro-Ministro, não posso deixar de lhe dizer que fiquei agora muito surpreendida, porque fiquei a perceber, pela
resposta que deu ao Deputado que me antecedeu, que, aparentemente, nos últimos cinco anos de governação,
não houve cativações. Afinal, o que havia em Portugal era um enorme problema de contratação pública e,
portanto, nunca houve cativações sobre o investimento público, nunca houve a vontade de controlar a execução
orçamental contraindo investimento público. Cinco anos depois, chegamos todos à conclusão de que, afinal, o
que havia — imagine-se! — era um enorme problema ou de contratação pública ou, quem sabe, até, com o
Tribunal de Contas!
Sr. Primeiro-Ministro, se isto não fosse tão grave teria até o seu lado cómico. De facto, a sua criatividade
nestas coisas consegue sempre surpreender-me. Realmente, quem diria que a discussão sobre as cativações
haveria de acabar na contratação pública!
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, estamos a dias da entrega da proposta de Orçamento do Estado e já percebemos
uma coisa: neste Orçamento não vai estar prevista nenhuma medida que, transversalmente, preveja uma
descida de impostos, ou para todas as pessoas ou para todas as empresas.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Essa medida não vai existir. E já que o objetivo é o relançamento da economia, posso então inferir que a sua ideia de relançar e animar a economia é a do investimento público,
fazer obras públicas e contratar funcionários públicos.
O Sr. André Ventura (CH): — É o habitual!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Para aqueles portugueses que trabalham na iniciativa privada, por conta própria ou por conta de outrem, ou que não têm contratos com o Estado o que o Sr. Primeiro-Ministro lhes
tem a dizer é: «Ou continuam a pagar a conta dos vossos impostos exatamente como sempre, ou então venham
trabalhar para o Estado!» É esta a escolha que é posta em cima da mesa.
Gostaria de saber se isto é assim ou se é diferente.
Já agora, gostaria também de lhe falar de um estudo encomendado pela CIP-Confederação Empresarial de
Portugal — é sobre carga fiscal, mas, na realidade, é sobre carga parafiscal —, sobre taxas. Este estudo chegou
à conclusão de que, só olhando para uma parte da Administração Pública, conseguia identificar 3500 taxas
cobradas por apenas 25 entidades públicas e 800 por 10 reguladores. Aliás, há um instituto público, a APA
(Agência Portuguesa do Ambiente), que cobra, sozinho, 629 taxas.
Entre muitos problemas aqui identificados, fala-se até em desconhecimento, por parte de algumas entidades,
das taxas por si cobradas. Aparentemente será verdade, porque o Sr. Ministro do Ambiente, quando confrontado
com as taxas cobradas pela Agência Portuguesa do Ambiente, é o próprio a dizer «bem, não sei exatamente se
existe ou não este número de taxas».
Pois bem, Sr. Primeiro-Ministro, o CDS propôs, em 2016, que fosse feito e publicado um levantamento de
todas as taxas cobradas por todos os serviços públicos em Portugal, de maneira a que se pudesse perceber
qual era a sua contraprestação, e que nos casos em que não corresponda contraprestação ou contraprestação
equitativa essas taxas fossem eliminadas.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, queira concluir, por favor.