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8 DE OUTUBRO DE 2020

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Um primeiro tema é sobre o Estatuto do Cuidador Informal. Como sabe, creio eu, ontem foi o Dia Europeu

dos Cuidadores Informais, e isso não deixa ninguém nesta Câmara indiferente. Estima-se que sejam 800 000

em Portugal e nós identificámos o problema de que não tinham o estatuto por que lutaram nem a proteção que

lhes era devida. No entanto, o Estatuto do Cuidador Informal foi aprovado no final de 2019. A sua implementação

e regulamentação, nas diversas vertentes, estava prevista a partir de janeiro de 2020, mas passou quase um

ano e não temos nada.

Mais: dos 250 000 cuidadores a tempo inteiro, até hoje apenas 300 — repito, apenas 300 de 250 000 —

tiveram acesso ao Estatuto. Desses, quantos conseguiram aceder ao subsídio ao cuidador? Apenas 32. Ora, no

Orçamento do Estado para 2020, o Governo previa um fundo de 38 milhões de euros para este apoio ao

cuidador. Apenas 32 pessoas tiveram acesso e estamos já no mês de outubro.

Sr. Primeiro-Ministro, devíamos cuidar de quem cuida e que, muitas vezes, não tem dinheiro para pagar as

contas todas ao final do mês. Porque está a atrasar aquilo que já deveria estar acordado?

Uma outra matéria para nós também essencial é a do apoio extraordinário para trabalhadores sem proteção

social, o qual, para responder às urgências do dia de hoje, deveria ter sido já implementado. Essa desproteção

é um problema que todos nós constatamos e esse novo apoio social extraordinário para trabalhadores sem

proteção social, que foi aprovado apesar de alguma resistência do Governo, deveria chegar a dezenas de

milhares. Foi aprovado em julho e deveria durar até dezembro, mas está atrasado. Apenas em meados de

setembro abriram as candidaturas e hoje, em outubro, a pouco mais de dois meses do final deste apoio, não há

ninguém que o esteja a receber.

Uma outra forma de proteção foi aquilo que aprovámos em conjunto: a redução para metade dos prazos de

garantia de acesso ao subsídio de desemprego. Queríamos ir mais além, mas o Governo e o Partido Socialista

disseram que só aceitavam uma redução para quem tivesse perdido o emprego no período do estado de

emergência. Mas isso foi em março, acabou em abril, estamos em outubro e ainda ninguém teve acesso a este

apoio por esta via. Porque é que está a demorar tanto esta resposta que é essencial para hoje, para os dias que

correm?

Também no Orçamento do Estado para 2020, o Governo acordou com o Bloco de Esquerda que iria estudar

a forma de acesso à reforma das pessoas com deficiência. Não aceitaram as nossas propostas e, naquele

momento, foi a base de entendimento possível. Estamos a chegar ao final do ano e a pandemia trouxe mais

urgência a esta medida, mas não a vemos ser implementada. É para quando? Quando vamos proteger as

pessoas com deficiência?

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira concluir.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Para terminar, Sr. Presidente, queria dizer que amanhã vamos aqui discutir uma proposta, que já poderia ter sido decidida, referente à proteção dos trabalhadores por turnos, que

são cada vez mais no nosso País. Pergunto se, sobre esta matéria, o Governo também nos quer acompanhar.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, como sabe, neste ano tivemos dois fatores que condicionaram muito a execução do Orçamento. Em primeiro lugar, o Orçamento começou a

ser executado em abril e não em janeiro, como é costume; em segundo lugar, começou a ser executado quando

já estávamos no âmbito de uma pandemia e, de facto, a pressão sobre muitos setores, designadamente na área

da segurança social, teve de se concentrar muito no combate à pandemia.

De qualquer forma, em junho, arrancou em 30 concelhos o projeto-piloto relativo aos cuidadores informais.

Foram recebidos 1912 requerimentos, dos quais já estão deferidos 316 e, por isso, estamos a arrancar com o

projeto-piloto.