I SÉRIE — NÚMERO 18
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Acho que os portugueses quando olham para esta proposta de Orçamento do Estado o que veem é
coerência e continuidade da política que iniciámos em novembro de 2015, que permitiu virar a página da
austeridade, devolver ao País mais crescimento, recuperar a convergência com a União Europeia em 2017,
2018, 2019 e ainda em janeiro e fevereiro de 2020, criar mais e melhor emprego, reduzindo as desigualdades
e tendo as contas certas, recuperando a credibilidade internacional do nosso País e tendo o primeiro
excedente orçamental.
Aquilo que o País vê quando olha para esta proposta de lei do Orçamento do Estado é o mesmo Governo
que prosseguiu esta política e que desde março tem enfrentado da melhor forma que é capaz uma crise que
nunca ninguém imaginou e que nunca ninguém enfrentou, quer do ponto de vista do desafio sanitário, com a
gravidade da pandemia, quer também com esta dimensão económica e social.
Sr. Deputado, nunca me esquecerei, porque foi das conversas que mais me impressionou, da conversa
que tivemos na véspera do dia em que eu anunciei o encerramento das escolas, quando o Sr. Deputado me
disse: «António, não perca um segundo, porque nós vamos ter 35 000 mortes se nada for feito
imediatamente».
Era esse o seu cenário nessa altura, mas, felizmente, o País ainda está muito longe dessa dimensão
catastrófica, muito longe, e vamos continuar a trabalhar para apoiar os que na linha da frente — médicos,
enfermeiros, técnicos de diagnóstico, assistentes técnicos, assistentes operacionais, todos os profissionais de
saúde — estão a dar o seu melhor para reforçar o Serviço Nacional de Saúde e assegurar a melhor resposta
possível a esta pandemia.
Infelizmente, não podemos sequer dizer que é uma crise de base nacional, porque esta é uma crise que
atingiu todo o mundo e toda a economia global.
O senhor fala da TAP. Sr. Deputado, 80% dos voos estão cancelados em todo o mundo! Há uma crise
geral da aviação civil!
Sobretudo para alguém que durante tantos anos trabalhou na área do turismo, permita-me dizer-lhe que
não é adequado e correto falar da TAP e da realidade da TAP, hoje, desconhecendo qual a realidade da
aviação civil e do setor do turismo em todo o mundo.
Aplausos do PS.
Por isso, aquilo que iremos fazer, como provámos que era a estratégia correta ao longo destes cinco anos,
não é retomar a austeridade, mas, pelo contrário, é continuar a apoiar o rendimento das famílias, continuar a
apoiar o emprego e continuar a apoiar o investimento, porque este é o melhor apoio que podemos dar às
empresas.
E faça as contas: só na medida de apoio ao emprego e à retoma temos mais de 900 milhões de euros que
são atribuídos a fundo perdido às empresas. Não são só linhas de crédito com garantia do Estado, não são só
moratórias, são também transferências a fundo perdido para apoio ao emprego e para o apoio à retoma. E
temos também o Plano de Recuperação e de Resiliência, que apoia as empresas na transição energética, na
descarbonização, na transição para a economia digital, no aumento do potencial produtivo.
Sim, nós sabemos que as empresas são essenciais para o crescimento económico e para a criação de
emprego. Agora, há uma coisa que também sabemos: é que não há empresas, não há criação de emprego,
não há empresas que prosperem se não defendermos o emprego e se não defendermos o rendimento das
famílias.
Sim, sobretudo no contexto de forte crise internacional, não tenha a menor das dúvidas, até um liberal não
pode hesitar em definir como prioridade apoiar a procura interna, porque, quando a crise é global, é também
cá dentro que construímos a recuperação da economia, com o apoio às nossas empresas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Entramos, agora, na segunda ronda de questões, estando inscritos seis Srs. Deputados.
Tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.