O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

29 DE OUTUBRO DE 2020

57

O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Portugal está em guerra. Estamos em guerra contra o vírus da COVID-19, que tudo arrasa, da saúde à

economia.

É verdade que ninguém antevia a pandemia, mas a má gestão do Governo, nestes últimos cinco anos,

deixou-nos mais mal preparados do que os demais países europeus para combater esta guerra que estamos a

perder. Sem controlar a pandemia, não salvamos a economia!

Se, no início da guerra contra a COVID-19, não se sabia como reagir, hoje não há desculpas. Sabemos o

que funciona: testar massiva e sistematicamente; identificar e isolar, em tempo real, todos os infetados e os seus

contactos. Isto é muito simples, mas muito importante: testar e isolar. O Governo teve um verão inteiro para

preparar o outono e o inverno e não o fez. O Governo simplesmente desistiu.

O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!

O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr.ª Ministra da Saúde, Marta Temido, porque é que desistiu? Sabia que tinha de investir na saúde pública de modo a contactar, em tempo real, as pessoas infetadas e

suspeitas. Porque é que desistiu?

Avisámos que os 700 000 € do Orçamento Suplementar para a saúde pública eram uma gota num oceano

de necessidades. Porque é que desistiu?

Sabia que deixava mais de 1 milhão de portugueses sem acesso a médico de família e, agora, puseram

esses médicos a contactar telefonicamente todos os doentes COVID, em vez de tratarem dos doentes com

outras doenças. Porque é que desistiu, Sr.ª Ministra?

Milhões de consultas, milhares de cirurgias e de exames complementares cancelados e adiados, milhões de

pessoas sem acesso à saúde e é agora, só agora, em pleno outono, em plena crise, que começam a pensar em

como vão responder? Não há um único plano de ação nem há contratos assinados para ativar de imediato, em

situação de emergência, o setor privado e social. Porque é que desistiu, Sr.ª Ministra?

Sabe bem que, apesar de ainda não estarmos no inverno, os profissionais de saúde já estão exaustos. Os

médicos, os enfermeiros, os farmacêuticos, os técnicos superiores, os administrativos, os auxiliares estão

exaustos! Não prepararam o SNS para o momento que estamos a viver e nem o prémio, que esta Assembleia

aprovou, foi o Governo capaz de pagar aos profissionais! Porque é que desistiu, Sr.ª Ministra? Porque é que

desistiu dos profissionais de saúde?

Sr.ª Ministra, sabia que ia haver um aumento de procura da vacina da gripe nesta época e, agora, as pessoas

não têm acesso à vacina, nem nos centros de saúde nem nas farmácias. Porque é que desistiu?

O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Muito bem!

O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sabia que faltavam camas de cuidados intensivos e profissionais intensivistas. Sabia! Prometeu mesmo, em maio, nesta Casa, que iríamos ter, neste inverno, mais 400 camas

com os respetivos intensivistas, mas nada aconteceu. Porque é que desistiu?

Sabia que, para vencer a guerra contra a COVID-19, é necessário passar da defesa para o ataque, é preciso

tudo fazer para evitar novos casos. Não havendo um tratamento ou vacina eficazes, resta fazer a única coisa

que funciona: testar e isolar. E isto não está a acontecer! Porque é que desistiu, Sr.ª Ministra?

Mas também à Sr.ª Ministra da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, pergunto o mesmo: porque é que

desistiu?

Os lares são o principal foco de mortalidade por COVID-19 e a verdade é que os idosos lá residentes se

sentem abandonados. O Governo decidiu, então, criar brigadas de resposta a surtos, uma por distrito, que nada

previnem. Ao invés de se evitar que o vírus entre pelos lares dentro, acontece que o vírus entra, infeta todos os

residentes e só depois o Governo decide atuar. Porque é que desistiu, Sr.ª Ministra?

Estima-se que tenhamos mais de 35 000 cidadãos portugueses idosos a residir em lares ilegais. Oito meses

volvidos desde o início da pandemia, o Ministério da Segurança Social ainda nem sequer conseguiu mapear

estes lares, onde estes idosos estão absolutamente desprotegidos. Porque é que desistiu, Sr.ª Ministra?