25 DE NOVEMBRO DE 2020
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Vozes do PS: — Ah!…
O Sr. Luís Soares (PS): — Lá chegaremos para ver se o casamento se concretiza, ou não. Queria recentrar o debate para dizer ao Sr. Deputado Moisés Ferreira que não esclareceu se, afinal,
pretende continuar a fazer avançar o Serviço Nacional de Saúde, como nos últimos quatro anos, ou se desiste
do SNS e dos portugueses, votando ao lado da direita.
Acho que os portugueses estão a perceber qual é o caminho que o Bloco de Esquerda quer seguir.
Sr. Deputado, isto é muito simples. Nos últimos quatro anos, o Governo do Partido Socialista teve mais 20
000 profissionais. Na valorização das carreiras tivemos a reposição das 35 horas, horas de qualidade, horas
extraordinárias e tudo isto foi um avanço para a valorização do Serviço Nacional de Saúde, para a valorização
dos nossos profissionais. O Bloco de Esquerda, o Partido Comunista e o Partido Socialista conseguiram
construir isto, e não há outra resposta, Sr. Deputado.
Quer continuar neste rumo ou vamos retroceder até ao Governo da direita que só fez cortes, também no
Serviço Nacional de Saúde? É esta resposta que queremos do Bloco de Esquerda, porque queremos
continuar a contar com todos, mas já percebemos que, da parte do Bloco de Esquerda, querem o retrocesso
do Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, a Mesa não regista mais inscrições para intervenções sobre o aditamento de um artigo 28.º-A e também não regista inscrições para intervenções sobre a proposta 455-C,
apresentada pelo BE, de aditamento de um artigo 37.º-A — Dedicação plena no Serviço Nacional de Saúde.
Assim, passamos diretamente à apreciação da proposta 261-C, apresentada pelo CDS-PP, de aditamento
de um artigo 41.º-A — Recuperação da atividade assistencial.
Está inscrita a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, do CDS-PP, pelo que tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o CDS apresentou ontem a sua proposta para a recuperação das listas de espera no acesso aos cuidados de
saúde e essa proposta foi chumbada pelo PS, pelo PCP e pelo Bloco.
Hoje, gostava de vos trazer aqui alguns factos, na esperança de que ainda vos consiga fazer mudar de
ideias — uma esperança vã, mas vamos tentar.
No Portal da Transparência do SNS é verificável, e no próprio discurso do Governo é reconhecido, que
existe um atraso em consultas, exames e cirurgias que era prévio à pandemia e que se agravou com ela.
Penso que, sobre isto, não há discussão, estamos todos de acordo.
A discussão começa agora, porque, segundo os técnicos do Tribunal de Contas, «a recuperação da
atividade não realizada por força da pandemia COVID-19…», e estou a citar, «… terá que ocorrer num
contexto de cuidados adicionais na prática clínica, com o risco de a capacidade instalada no SNS não ser
suficiente para fazer face a este acréscimo de procura sem o aumento acentuado dos tempos de espera.»
São também os próprios profissionais de saúde do SNS, assim como a Ordem dos Médicos, os ex-
Bastonários da Ordem dos Médicos, vários especialistas, e até o Sr. Presidente da República, que diariamente
nos chamam a atenção para a ideia de que, neste momento, devemos considerar o sistema de saúde e não
apenas o Serviço Nacional de Saúde.
Presumo que estejam todos errados e que só aqui, dentro de portas, o Governo, o PS, o Bloco e o PCP
têm razão. Vejamos, então, por que motivo é que acham que têm razão.
A verdade é que a proposta do Orçamento do Estado para o SNS transfere apenas 4 milhões de euros a
mais do que o executado no ano de 2020. Não sou eu que o digo, aliás, por acaso, digo, mas, na verdade,
quem o corrobora é a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental), que diz que «a dotação referente a
transferências correntes para financiamento do SNS em 2021 é residualmente superior (…) à prevista na
execução orçamental de 2020. (…) Em 2021, a dotação prevista em despesa (…) de transferências correntes
para o SNS é (…) superior, em apenas 4 milhões de euros, face à estimativa para o ano de 2020.»
Por outro lado, a conta do programa de saúde para 2021, mesmo antes de ser aprovada, já tem um saldo
negativo de 89 milhões de euros.