26 DE NOVEMBRO DE 2020
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Devo dizer, em abono da verdade, que compreendemos a atitude do líder do PSD e até o incómodo, o
«atrapalho», que pode ser esta atitude, porque o PSD não está habituado a responder a uma crise desta forma.
O PSD responde a uma crise tirando tudo a todos, mas essa não é a forma de responder à crise.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Não foi isso que fizemos e não será isso que iremos fazer.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do PSD Jorge Paulo Oliveira.
O Sr. Presidente: — Para intervir sobre o mesmo artigo, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, começo por referir que Os Verdes acompanham esta proposta do Partido Socialista, porque também nos parece
absolutamente imperioso impedir a suspensão do fornecimento de serviços essenciais, nos termos e nos moldes
definidos na respetiva proposta.
Em resultado da pandemia, muitas famílias estão a passar por fortes e sentidas dificuldades e, em muitos
casos, passam mesmo por privações materiais. Estamos a falar de um universo muito significativo de pessoas
que tiveram grandes quebras nos seus rendimentos, seja porque foram obrigadas a ficar em layoff ou porque
perderam o seu trabalho e, portanto, ficaram sem qualquer fonte de rendimento.
Ora, sem prejuízo da importância que as prestações sociais representam ou podem representar nesta
emergência social, a nosso ver, torna-se também necessário garantir que as famílias que estão mais fragilizadas
não fiquem desprotegidas no que diz respeito ao acesso aos serviços essenciais. No fundo, esta proposta vem
não só proceder à renovação desta garantia para 2021, como, ainda, permitir a reposição do fornecimento de
serviços essenciais sem custos para o consumidor.
Aliás, sobre esta matéria, Os Verdes apresentaram também uma proposta com vista a estabelecer um regime
extraordinário de faturação da eletricidade e da água para o ano de 2021. Nessa proposta, o que Os Verdes
pretendem é que seja estabelecido um limite máximo na faturação do consumo de eletricidade e água para as
famílias, enquanto vigorarem as medidas de contenção decorrentes da pandemia. Nos termos da nossa
proposta, esse limite máximo de faturação não poderá ultrapassar o consumo verificado no mês homólogo de
2019 e só se aplica ao local de residência.
Na verdade, com o confinamento e o teletrabalho, decorrentes da pandemia, o consumo da eletricidade e da
água das famílias tem vindo a aumentar substancialmente, por força do tempo passado em casa e do
desempenho de tarefas laborais na própria residência. Tudo leva a prever que esta situação se possa vir a
prolongar no tempo, com as implicações que isso terá no aumento do consumo destes bens, nomeadamente no
que diz respeito à eletricidade, sobretudo com a necessidade de aquecimento nestes meses de inverno.
Assim, face às dificuldades essenciais por que muitas destas famílias estão a passar, e considerando que
são os cidadãos que estão agora a suportar custos gerais que, em períodos e circunstâncias normais, deveriam
ser da responsabilidade das empresas ou da Administração Pública, onde trabalham, Os Verdes esperam que
esta proposta venha a ter o acolhimento das restantes bancadas, até porque as empresas fornecedoras destes
bens não estão a ser muito afetadas economicamente, uma vez que acabam por ir buscar aos orçamentos
familiares a parte da faturação que estão a perder no setor industrial, comercial, dos serviços ou, até, da
Administração Pública.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, esta proposta que o Partido Socialista avocou para votação em Plenário, a qual se prende com a suspensão de