I SÉRIE — NÚMERO 36
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É por essa razão que entendemos que o Código Penal — e já aqui tivemos oportunidade de o dizer — deve
merecer uma reflexão mais aprofundada e não pontual daquilo que possa ser este tipo de criminalidade, daquilo
que possa ser este tipo de fenómenos.
Por outra banda, a proposta do Bloco, referente à prevenção deste tipo de fenómenos, parece-nos
proporcional e adequada e, nesse sentido, iremos acompanhá-la votando-a favoravelmente, uma vez que nos
parece que temos de atuar no imediato para combater todos estes fenómenos, mas, acima de tudo, encontrar,
com urgência, uma estratégia integrada de prevenção contra a violência em contexto escolar…
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, tem de concluir.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Estou mesmo a concluir, Sr.ª Presidente. Como dizia, temos de encontrar, com urgência, uma estratégia integrada de prevenção contra a violência em
contexto escolar que, inclusivamente, permita identificar precocemente e evitar este tipo de atitudes.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, do Grupo Parlamentar do PEV.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje, debatemos a petição que pede que se considerem as agressões a professores e educadores como crime público e que se reforce a autoridade
do professor e educador — e aproveito para saudar os mais de 8000 peticionários —, discussão tanto mais atual
quanto os professores deram, no quadro da epidemia que subitamente nos assolou, uma resposta à altura,
mesmo com poucos meios e recursos.
Durante o confinamento, os professores mantiveram o contacto com os alunos e, num curto espaço de tempo,
foram capazes de se adaptar às circunstâncias para que o acompanhamento de algumas matérias acontecesse.
Foram atores, foram ouvintes atentos dos problemas das famílias, muitos transformaram-se na visita esperada,
num tempo em que não recebíamos visitas nem saímos para passear.
O professor é um elemento primordial na vida de cada jovem porque, para além de ensinar a ler e a escrever,
ensina a arriscar, a pensar, a brincar, a interagir, a descobrir o mundo através de imagens, de histórias, através
do conhecimento.
A escola pública não é só um espaço de crucial importância para as crianças e para as famílias, mas também
para todos nós enquanto sociedade.
Enquanto os pais trabalham é à escola que confiam os seus filhos e a sociedade confia as futuras gerações
à comunidade escolar para que se garanta a renovação.
Há problemas e é preciso enfrentá-los.
É necessário valorizar as condições das escolas para garantir o espaço, o tempo e o modo, tão necessários
para o acompanhamento das crianças e jovens.
É necessário articular as diversas valências no plano do apoio pedagógico, mas também psicológico, sem
esquecer a intervenção social, numa vasta abordagem que envolva os alunos e as suas famílias.
É necessário garantir uma capacidade de intervenção imediata em caso de conflito.
Estas são medidas indispensáveis para prevenir a violência e as agressões, mas, no caso de haver violência
na escola, seja contra não docentes seja particularmente contra docentes, é também indispensável a atuação
célere das autoridades e da justiça.
Mas para isto tudo é preciso mais professores, mais psicólogos, mais técnicos, mais auxiliares com mais
formação, intensa e permanente, para lidar de forma pró-ativa com problemas novos e crescentes. E são
precisos mais meios nas forças de segurança e na justiça.
Tipificar o crime como um crime público poderá ser um passo, mas não será, seguramente, suficiente e não
será a solução se, depois, não houver capacidade para o evitar nem para garantir a ação consequente, no caso
de acontecer.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Ana Mesquita, do Grupo Parlamentar do PCP.