I SÉRIE — NÚMERO 37
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A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Ainda bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Porém, se se mudar de rumo, poderemos evitar futuros
confinamentos e, mais importante ainda, salvar vidas.
Sr.as e Srs. Deputados, é fundamental reconhecer que o descontrolo que hoje vivemos era evitável. Só assim
poderá haver, da parte do Governo e do País, a capacidade de compreender onde se falhou, para aprender com
os erros, para que não se volte a falhar.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Isto é particularmente relevante perante a imposição de um
confinamento que trará um profundo sofrimento a todos os portugueses, um sofrimento que não pode ser em
vão.
Com o confinamento, sofrem as crianças, que se vêm privadas de um ensino presencial e de poderem
conviver com os colegas e amigos.
Com o confinamento, sofrem os idosos, praticamente excluídos da vivência em comunidade, há quase um
ano.
Com o confinamento, sofrem os cidadãos em vida ativa, que se arriscam a perder o emprego perante uma
economia em estagnação, caso não tenham já ficado desempregados.
Com o confinamento, sofrem os empresários, particularmente os trabalhadores independentes e os sócios-
gestores de pequenas e médias empresas, que não veem a luz ao fundo do túnel.
Com o confinamento, sofrem as famílias dos milhares de portugueses que morreram ao longo desta
pandemia.
Todo este sofrimento do povo português não pode ser em vão. Para tal, exige-se mais deste Governo. Não
basta confinar, é preciso mudar. É fundamental encetar uma mudança radical na resposta à COVID-19 para
evitar uma nova subida de casos nos próximos meses pós-confinamento.
Com recurso à ciência e olhando para os exemplos de países que têm respondido com sucesso à pandemia,
desde a Dinamarca à Coreia do Sul, fica evidente que é possível fazer melhor.
A Dinamarca é geograficamente semelhante a Portugal. Porém, em contraste com o nosso País, os
dinamarqueses têm demonstrado que é possível manter a sociedade aberta com um número controlado de
casos.
O Sr. Luís Moreira Testa (PS) — Pois… Como a Suécia, não é?!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Como é que o fizeram?! Fizeram-no testando quatro a cinco vezes
mais do que nós, testando sistematicamente — semanalmente, em alguns casos — grupos de risco, como
profissionais de saúde, profissionais que trabalham nas escolas, aqueles que trabalham nos lares e outros que
trabalham na linha da frente contra a COVID-19, intervindo sem hesitações.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Mais: identificam proativamente todas as cadeias de infeção e
asseguram o isolamento efetivo de todos os cidadãos infetados e suspeitos, em tempo útil. Testar, identificar e
isolar.
No caso português, urge igualmente atuar onde se encontram os maiores focos de mortalidade, como é o
caso dos lares. Urge mapear os lares, sejam legais ou ilegais, e evacuar de imediato os idosos residentes nos
lares que não têm condições adequadas. Dez meses depois, persiste esta necessidade premente.
Estas e tantas outras medidas foram disponibilizadas em novembro pelo Conselho Estratégico Nacional do
Partido Social Democrata. Está ao alcance do Governo mudar de rumo. São vidas que estão em jogo.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, com o confinamento, vamos todos sofrer. Que este nosso sofrimento
não seja em vão.